Política Nacional

Julgamento é precedente ‘grave’ para governadores e prefeitos, diz Dilma

“O precedente é grave, porque atingirá outros presidentes da República, mas sobretudo é grave porque atingirá governadores e prefeitos eleitos a partir de agora. Sem base em questões juridicamente fundadas será possível afastar governantes de suas funções. Se isso não é instabilidade política, eu acredito que poucas coisas são. Essa é a intrínseca instabilidade política”


A presidente afastada Dilma Rousseff disse durante interrogatório no Senado que seu julgamento abre um precedente “grave” não só para outros presidentes virem a ser julgados, mas também para que prefeitos e governadores eleitos percam o mandato sem terem cometido crime de responsabilidade.

“O precedente é grave, porque atingirá outros presidentes da República, mas sobretudo é grave porque atingirá governadores e prefeitos eleitos a partir de agora. Sem base em questões juridicamente fundadas será possível afastar governantes de suas funções. Se isso não é instabilidade política, eu acredito que poucas coisas são. Essa é a intrínseca instabilidade política”, afirmou, em resposta à intervenção da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO).

Na sua fala, o líder do governo no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), rebateu a fala de Dilma. O tucano disse que, em se confirmando o afastamento dela, o atual processo gerará um “precedente sério” para que nenhum governante “abuse das suas competências e afronte as regras essenciais que garantem a saúde financeira do Estado”.

No discurso que fez antes da abertura do interrogatório, Dilma afirmou que é alvo de um “golpe de estado” e que não cometeu os crimes de responsabilidade pelos quais é acusada. Após as perguntas dos senadores, as próximas etapas do julgamento são o debate entre acusação e defesa e a votação do impeachment pelos parlamentares.

‘Golpe parlamentar’
Ao responder ao questionamento da senadora Ana Amélia (PP-RS), Dilma usou uma árvore para exemplificar a diferença entre o que ela chamou de golpe parlamentar e o golpe militar, e a comparação arrancou algumas risas dos presentes. Dilma afirmou que o golpe militar derruba uma árvore, ou seja, derruba a democracia, mas no caso do golpe parlamentar, a árvore sofre ataques.

“Você tira um presidente por razões que estão fragilizadas. É como se essa árvore fosse atacada, por exemplo, por fungos. Você não derruba a árvore, você compromete a árvore”, afirmou. “Há que se provar que é crime, se não provar que é crime é golpe sim”, disse Dilma.
Durante sua fala, Ana Amélia afirmou que a presença da presidente afastada no plenário de julgamento do impeachment, legitima o processo. “O verdadeiro golpe foi contra milhões de brasileiros desempregados e milhares de jovens que ficaram, entre outras coisas, sem o Prouni e o Fies.


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