Nota 10

Ato Show chama atenção para a luta dos negros do Amapá

O evento pretende sensibilizar a população sobre os fatos relacionados à União dos Negros do Amapá (UNA).


Nesta sexta-feira, 27, movimentos sociais, ativistas da causa afrodescendente, lideranças e artistas estarão reunidos nas proximidades do Centro de Cultura Negra do Amapá (CCNA), no ato show que pretende sensibilizar a população sobre os fatos relacionados à União dos Negros do Amapá (UNA). A partir das 19h, eles estarão se manifestando a respeito das lutas, desrespeito e do fato que levou à posse do então presidente da entidade, Iury Soledade. O ato chama a atenção para a audiência que irá ocorrer no dia 29, sexta-feira, sobre a ocupação da presidência.

 

Daiana Roniele, presidente da Federação das Entidades Folclóricas do Amapá (Fefap), e filha de Raimunda Ramos, fundadora da UNA e do CCNA, esclarece que hoje, há um desgaste muito grande com relação aos movimentos negros e que acabam afetando a confiança e influenciam negativamente na realização das manifestações culturais e religiosas. “Precisamos reverter isso, e nossa união é essencial para resgatarmos nossa estima e valores. Todas as frentes, religiosas, de cultura, arte, de movimento, estão juntas para impedir que nossa principal referência estrutural, que o Centro de Cultura, se acabe”.

 Audiência para anulação da posse
A audiência na Justiça, que será nesta sexta-feira, tenta anular a posse de Iury Soledade na UNA, que, de acordo com os integrantes dos movimentos, foi legalizada em cima de uma armação, e é imoral para um representante dos negros do Amapá. Os integrantes do movimento afirmam que, para Iury tomar posse, usou de má fé , e fez com que as pessoas assinassem um documento que seria para aprovação de um projeto para revitalizar o Centro, que é administrado pela UNA, e criar a comissão para a eleição. “Estas assinaturas foram anexadas em um documento que dava posse ao Iury, que o cartório reconheceu como legal”, explica Daiana.

 Resgate da história
A UNA foi criada em 1996 por um grupo de pioneiros, como instrumento de luta por valorização, respeito, e contra o preconceito. O Centro foi fundado em 1998, no bairro do Laguinho, para abrigar as manifestações religiosas, artísticas e culturais dos povos negros do Amapá. Sua estrutura física remete à história de luta dos descendentes de africanos, como a Casa Grande, onde funciona o auditório, e o anfiteatro, que simboliza as rodas ondes os negros dançavam. Os movimentos questionam a posse irregular, a administração, que permitiu que um trailer de lanche fosse instalado em uma esquina do CCNA, a realização de festas que não estão no contexto em que foi fundamentada criação do Centro, e a falta de prestação de contas.

‘Não podemos permitir que nossa história seja manchada por atitudes como estas, precisamos arrumar a casa, levantar a cabeça, e lutar para que nossos antepassados e pioneiros não sejam desrespeitados, como estão sendo, e que nossos filhos e netos tenham orgulho da gente. A identidade da UNA e do CCNA precisam ser resgatadas, e a população em geral vai voltar a nos valorizar. O Centro tem que ser palco de nossas manifestações, como Encontro dos Tamores, e o espaço precisa ser ocupado por quem tem responsabilidade com a história, e compreensão do futuro”, finalizou Daiana.

O ato show inicia às 19, na José Antônio Siqueira, entre o CCNA e a escola Azevedo Costa. Diversas atrações estão confirmadas, como grupos de marabaixo, hip-hop, artistas regionais, sambistas, candomblé, e outras formas de arte afroamapaense.


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