Mendes diz que “faz sentido” não investigar Temer e manda Barroso “suspender a própria língua”
“Logicamente faz sentido que (Temer) não seja sequer investigado, para não ter perturbação”
Em entrevista ao blog de Andréia Sadi nesta quarta-feira (28), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes palpitou sobre duas investigações que atingem o presidente Michel Temer (MDB), a demissão do ex-diretor da Polícia Federal Fernando Segovia e sobre as atuações da procuradora-geral Raquel Dodge e do colega de Supremo, Luís Roberto Barroso.
Mendes, ao mesmo tempo, criticou os frequentes palpites dados pelos procuradores da Lava Jato e pelo ministro Barroso.
Gilmar Mendes jantou com Temer na noite desta terça (27) em uma das inúmeras reuniões que realiza frequentemente com o presidente investigado. O encontro se deu no dia em que Raquel Dodge pediu para o presidente ser incluído em inquérito que apura propina de R$ 10 milhões da Odebrecht ao MDB, em jantar no Palácio do Jaburu em 2014, em troca de benefícios à empreiteira pela Secretaria de Aviação Civil.
O ministro entrevistado avalia que há argumentos contra e a favor para que Temer seja investigado por fatos anteriores ao mandato presidencial.
“Logicamente faz sentido que (Temer) não seja sequer investigado, para não ter perturbação e dar uma imunidade ao presidente em relação a fatos anteriores”, disse Mendes.
Por outro lado, o ministro pondera que “tem argumento contra também: as provas podem ficar prejudicadas, pessos podem morrer, testemunhas”.
Demissão de Segovia e Dodge
Mendes afirmou também que Fernando Segovia, demitido da direção-geral da Polícia Federal, “perdeu as condições”. O ministro do STF disse, no entanto, que a demissão de Segovia pelo ministro de Segurança Pública, Raul Jungmann, foi “desajeitada”. Gilmar Mendes criticou a procuradora-geral Raquel Dodge, de quem se diz amigo, por ter solicitado que Segovia fosse suspenso caso ele tentasse interferir em outra investigação sobre Temer, que avalia se o presidente da República praticou corrupção ao editar o decreto dos portos, estendendo por décadas o benefício de concessões no Porto de Santos, onde o emedebista tem fortes ligações políticas.
“Sou amigo dela, mas por que não faz nada com os procuradores que ficam falando? Por que não suspende os procuradores? Eles palpitam sobre tudo”, cobrou Mendes.
Língua de Barroso
Gilmar Mendes ainda atacou o colega de Corte Luís Roberto Barroso, que comanda a investigação sobre o decreto dos portos.
“Ele antecipa julgamento. Ele fala da malinha, da rodinha. Teria de suspender a própria língua”, declarou Mendes.
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