Documentos demonstram que EUA sabiam antes de mortes na ditadu
Governo norte-americano entregou 538 documentos ao governo brasileiro
Documentos inéditos que o governo norte-americano entregou ao governo brasileiro demonstram que os Estados Unidos tiveram conhecimento prévio de casos de mortes e desaparecimentos durante a ditadura militar sobre os quais, durante muitos anos, não houve informações disponíveis no Brasil.
O material estava no arquivo nacional norte-americano. São telegramas, memorandos, relatórios do Departamento de Estado, embaixada e consulados no Brasil.
Dentre os 538 documentos, há um memorando sobre o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, que teve o mandato cassado em 1964 e foi preso em casa, no Rio de Janeiro, em 1971, durante a ditadura militar. Após a prisão, Paiva foi levado para instalações do Exército.
A morte dele só foi confirmada no Brasil em 2012. Mas, nos Estados Unidos a confirmação chegou muito antes, em fevereiro de 1971, logo após a prisão. O documento foi produzido por um diplomata da embaixada Estados Unidos no Brasil, que escreveu que, quando os fatos se tornassem públicos, seria dificil escondê-los.
O militante político Stuart Edgar Angel Jones, que tinha cidadania norte-americana, desapareceu em junho de 1971. Em agosto daquele ano, a polícia do Rio de Janeiro informou a embaixada norte-americana sobre a prisão de alguém com um nome muito parecido, Stuart Edgar Angel Gomes.
Segundo a Comissão Nacional da Verdade, Stuart Jones foi torturado e assassinado no mesmo ano. A mãe dele, a estilista Zuzu Angel, morreu sem saber o paradeiro do filho. Os Estados Unidos tinham o dossiê e sabiam da prisão dele.
“O que nós temos aqui são informações muito substantivas que os órgãos de estado, da segurança americana, tinham sobre o aparelho repressivo da ditadura militar no Brasil. Eles sabiam das torturas, de quem tinha sido morto, de quem estava desaparecido, quase que em tempo real, e, no entanto, nem essas famílias souberam nem o Brasil soube durante todo esse período. Só agora que nós estamos tendo acesso a essas informações”, afirmou o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante.
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