Política Nacional

Voto da Região Nordeste pode guiar os partidos na definição dos vices

Bloco regional será levado em conta quando candidatos precisarem de um puxador de votos


De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nas últimas quatro eleições presidenciais, os nove estados do Nordeste votaram 72 vezes, entre primeiro e segundo turnos, sendo que o PT venceu em 70 ocasiões, frente duas vitórias do PSDB. Sem Lula no páreo, a busca por um vice identificado à região deve ser fundamental neste pleito. Os números foram compilados pela consultoria Arko Advice, com base nos dados da corte eleitoral. Três estados nordestinos ocupam vaga entre os 10 maiores colégios eleitorais do País: Bahia (quarto maior); Pernambuco (sétimo) e Ceará (oitavo). Juntos, os nove estados da região constituem 26% do eleitorado brasileiro.

Faltando 17 dias para o fim do prazo de inscrição das chapas, dos líderes das pesquisas eleitorais para a presidência, nenhum fechou um nome para compor a vaga de vice na chapa. O PT, que tem Lula como líder, porém condenado e preso, é ficha-suja e assim, dúvida na disputa eleitoral. Jair Bolsonaro (PSL) deve fechar com um nome do próprio partido.

Marina Silva (Rede), segunda colocada, também deve ter uma chapa “puro-sangue”.Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) devem ser os únicos a ter um vice de outro partido. O pedetista ainda busca apoio do PSB e do PCdoB. Já o ex-governador de São Paulo conta com um arco de alianças englobando oito siglas e terá de buscar um nome saído dessas opções.

Apenas o ex-presidente Lula é unanimidade nas pesquisas de intenção de voto nos recortes regionais. Sua aceitação chega a quase 50%, enquanto que em cenários sem o petista, Marina e Ciro conseguem maior profundidade eleitoral, ambos sem ultrapassarem os 20% de aceitação. Bolsonaro e Alckmin puxam a carreata da rejeição, com 41% e 30%, respectivamente, segundo pesquisa Datafolha de junho.

“Buscar um vice nordestino é uma tentativa, mas não resolve o problema. O eleitorado se identifica mais com o candidato a presidente e também com o partido. Depende muito do programa, pois é preciso observar que é uma região carente, de gente pobre. Em relação a outras regiões é menos desenvolvido. Sem políticas públicas fortes e um programa muito econômico, não adianta” disse o cientista político da Escola de Sociologia e Política (FESPSP), Aldo Fornazieri.

Nesse sentido, o sociólogo da Universidade Mackenzie, Rodrigo Prando, aposta repetição da disputa PT x PSDB, já que o lulismo ainda é reinante no Nordeste e Alckmin fechou ampla aliança com siglas como o DEM, que estão ligadas aos estados da parte cima do Brasil. Sua observação é a de que existem “duas cidadelas”, onde uma é constituída pelo Norte e Nordeste e a outra é formada pelo Sul e Sudeste.

O desempate da “balança” será feito por votos de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, três dos maiores colégios eleitorais do Brasil. “A força do PT é tão forte que nem tendo um vice do Nordeste é possível minar a força do lulismo. O foco não pode estar apenas em puxar um vice de lá”, avaliou Prando.


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