“O governo do estado busca alternativas para enfrentar a rec
Secretário de Planejamento revela que contingenciamento levou a corte de 40% do orçamento do GEA
Entrevistado com exclusividade pelo Diário do Amapá nessa quarta-feira, 15, o titular da Secretaria de Estado de Planejamento, Antônio Teles Júnior, reconheceu que a recessão econômica do país impactou em demasia a economia do Amapá, com o contingenciamento de 40% do orçamento do governo do estado, reduzindo drasticamente os investimentos públicos. Ele garantiu, entretanto, que a atual gestão busca alternativas para enfrentar a crise.
“Não podemos jogar a sujeira pra debaixo do tapete. Temos que fazer uma análise honesta, coerente sobre o momento crítico atual da economia do Amapá, que é um estado quase totalmente dependente do repasse de recursos federais, cuja complementação do orçamento, que é feita pelo setor do micro-empreendedorismo, que representa cerca de 98% da participação da iniciativa privada, está sendo apenado de forma cruel pelos arrochos que estão sendo feitos pela equipe econômica do governo federal, por causa da perda do poder aquisitivo da população, desaquecendo o comércio, em especial o varejo, detentor de uma fatia considerável da economia local”, observou.
Para o economista, um grande golpe desferido contra a economia amapaense foi o contingenciamento de recursos: “Houve diminuição drástica dos recursos do FPE (Fundo de Participação dos Estados), cuja previsão já era pessimista, e agora se vislumbra uma redução ainda maior, o que já começa a comprometer os demais repasses, inclusive transferências voluntárias e convênios, cujo contingenciamento é inevitável, até mesmo do SUS (Sistema Único de Saúde).
Outro ponto negativo para a economia local é a mineração, que também está sendo afetado diretamente pela crise mundial: “O desaquecimento do mercado da mineração, provocado pela crise na China, que é o principal importador do minério de ferro do Amapá vem sendo outro ponto negativo para a economia local, que já havia sido afetado duramente com o desabamento do Porto em Santana, que por si só freou o mercado exportador, reprimindo bastante a arrecadação, além da desaceleração da exportação da madeira”.
Teles Júnior destaca, também, o considerável aumento na margem de desconto de empréstimos consignados nos contracheques dos servidores públicos: “Com menos dinheiro nos contracheques, o comércio local diminui as vendas. Esse fenômeno tem como vilão o crescente aumento da margem de desconto dos empréstimos consignados, que no Amapá chegou este mês a 47%, de acordo com levantamento feito por nossa gestão diretamente nas folhas de pagamento do Governo”, revelou.
Efeitos da crise internacional no estado
A pedido da reportagem, AntônioTeles Júnior, como economista – e não como Secretário de Planejamento, como fez questão de ressaltar – analisou o panorama econômico apresentado na manhã desta quarta-feira, 15, no programa LuizMeloEntrevista (DiárioFM 90.9) pelo também economista e ex-deputado federal Jurandil Juarez. Segundo ele, assiste razão a Jurandil, quando afirma que o fim da recessão passa pela recuperação da economia mundial, emergindo como maior óbice a falta de credibilidade na economia dos países da zona do euro, com o descumprimento dos compromissos assumidos pela Grécia em contrapartida a empréstimos internacionais.
“Não resta qualquer dúvida de que essa desconfiança é um desafio a ser superado, o que demanda muito tempo, como resultado das medidas que serão tomadas agora, no que o Jurandil tem toda razão quando diz que a recessão econômica dificilmente será superada em curto e médio prazo. E é exatamente aí que se reveste da maior importância a aproximação do Brasil aos Estados Unidos, que já começou a ser feita com a visita da presidente Dilma Roussef àquele país, articulando o estreitamento de relações com o governo americano, aparando arestas decorrentes de incidentes diplomáticos e buscando atrair investimentos privados para o Brasil”, pontuou.
No âmbito local, o Secretário de Planejamento garante que o governo Waldez Góes está buscando alternativas para implementar a economia: “O passo inicial foi tirar o Estado da relação de inadimplentes das instituições financeiras e do próprio governo federal; o passo seguinte já foi dado, com a elaboração de projetos voltados para o crescimento econômico, com a realização de obras estruturais, com o objetivo de diversificar a economia, principalmente com a vitalização da produção de grãos, aproveitando a potencialidade do cerrado amapaense, reforçando, também, outros setores da agricultura, através de políticas públicas corretas e eficientes, o que, por certo, colocará o Amapá na vanguarda do desenvolvimento”.
Questionado sobre a afirmação de Jurandil Juarez, de que o Porto de Santana, nem de longe, se apresenta como a principal ferramenta para alavancar a economia do estado, no que diz respeito ao mercado exportador de grãos e de minérios, Antônio Teles diverge.
“Respeito demais e me curvo à sabedoria, à coerência e ao raciocínio do mestre Jurandil Juarez, tanto que sou contumaz em procurá-lo, sempre, para ouvir a opinião dele sobre a realidade econômica e as alternativas para o desenvolvimento do Amapá, mas nesse ponto tenho que contraditá-lo. O Porto de Santana é viável, sim, apresenta-se como alternativa para o escoamento de grãos e minérios do Amapá e até mesmo de outros estados para o mercado exportador; não, claro, da forma que está, isto é, com gestão municipal, não por falta de competência, mas, sim, por falta de capital para investimento na infra-estrutura necessária, o que só vai acontecer se a gestão for transferida para a iniciativa privada, o que defendo”, ponderou.
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