CLEBER BARBOSA
EDITOR DE TURISMO
O engenheiro Manoel Romero Garcia, 74, conhecido como Manolo, envia para nossa redação aquilo que define como a prova inequívoca e definitiva para explicar o verdadeiro nome da cidade de Serra do Navio, no interior do Amapá. Trata-se de uma imagem feita por satélite de uma ilha no rio Amapari, a 200 quilômetros de Macapá, em que pode-se observar a ilha que, segundo ele, os caboclos da região chamavam de “navio”, pelo desenho em formato de uma espécie de veleiro da época.
O lugar sempre foi vocacionado para o turismo ecológico, como também o turismo científico, mas essa nova descoberta pode representar um incremento a esse potencial e fazer deslanchar a procura pela Serra como destino turístico. Manolo diz que a teoria do navio é bastante plausível e acredita realmente nela. “Observa-se a proa bem afiada e uma popa achatada, no formato de uma embarcação daquela época, pois estamos falando da visão dos caboclos nativos que habitavam aquela região antes da descobertas das jazidas de manganês, na década de 1940”, diz o engenheiro.
Romero exerceu diversas funções na mineradora Icomi S.A. como engenheiro mecânico, entre os anos de 1972 a 1998, fazendo carreira até o cargo de superintendente de manutenção. Ele recorreu a antigas cartas topográficas para identificar as coordenadas geográficas da tal ilha. Ela está localizada nos azimutes 0°54’40”02 (zero grau, 54 minutos, 40 segundos e 02 milésimos) ao Norte e 52°00’55″65 (cinquenta e dois graus, zero minuto, 55 segundos e 65 milésimos) a Oeste. “A partir dessas coordenadas enviei a informação para o geólogo Antônio Feijão, que jogou os dados num site de imagens de satélite e pode reproduzir uma fotografia atual da ilha”, explica o engenheiro.
Tabu
Alguns ex moradores da vila da Serra do Navio admitem que existem várias versões para explicar a origem do nome da antiga vila modelo em plena floresta amazônica, de onde a mineradora Icomi extraiu minério de manganês por quase 50 anos. Entre essas versões, a de que o nome seria devido a uma montanha em formato de navio. Mas segundo o engenheiro Manoel Romero, a verdade é que os caboclos que caçavam e pescavam na região chamavam aquela ilha de “navio”, a partir da vista de cima, do alto de algumas montanhas do lugar. “Aí você ter uma ilha chamada navio em uma região de serra, com tantas montanhas, deu origem ao nome Serra do Navio”, completa.
Na web, zoação sobre a origem do nome da Serra
Não há consenso entre os moradores e ex moradores da vila de Serra do Navio, sobre a origem do nome. Há quem jure de pés juntos que a explicação viria de uma montanha com formato parecido com um navio, onde, inclusive teriam sido organizadas as primeiras edições de uma grande festa de confraternização de fim de ano, a Festa da Mina. Mas é voz corrente que essa teoria levantada por dois técnicos de renome, o engenheiro Manoel Romero e o geólogo Antônio Feijão, possa ser, de fato, a verdadeira origem do nome.
Memes
A reportagem também apurou que existem zoações na internet – local mais que propício – sobre as diversas teses para explicar o nome de Serra do Navio. A maioria colocando a fotografia de um navio sobre uma montanha. Mas não um navio qualquer, o mais famoso deles, o Titanic. Então se você também conhece um meme desses compartilhe com o jornal Diário do Amapá , através do email do editor de turismo,no seguinte endereço eletrônico coluna.argumentos@yahoo.com.br ou pelo WhatsApp (96) 99157-0022. Queremos você também entrando no clima da brincadeira.
Casal inaugura mini museu próprio para relembrar tempos da mineração
Antônio Claudio e Selma Maria, hoje com 73 e 68 anos respectivamente, viraram como se fossem guias de turismo na bucólica comunidade serrana, tanto que decidiram unir o útil ao agradável e organizaram um pequeno “Museu da Icomi”, no pátio da casa deles. E já começam a receber visitantes. A ideia vinha sendo amadurecida nos últimos anos, pois eles costumam mesmo receber visitantes, principalmente ex moradores de Serra do Navio, que trabalharam na mineradora Icomi S.A. nos áureos tempos do manganês. “Mas também vêm muitos estudantes universitários, pesquisadores, jornalistas e também turistas realmente que ouviram falar da história da nossa cidade e decidem vir aqui para confirmar, então as pessoas normalmente nos indicam, afinal dos antigos moradores ficaram poucos”, conta dona Selma.
Seu marido Antônio, conhecido por lá como “Padeiro” [foi sua primeira profissão na Icomi] é até mais “explorado” pelos visitantes, pois devido conhecer as antigas minas como a palma de sua mão, sempre é convidado a conduzir os turistas de carro – de preferência com tração nas quatro – até lugares famosos, como a montanha “Torre”, o “Bota Fora”, além de antigas minas identificadas pelas siglas “T-20”, a “F-12” e, claro, a famosa “Lagoa Azul” no fundo de uma mina.
Doações
Falando à reportagem, por telefone, o casal idealizador do Museu da Icomi diz estar aberto a sugestões e também doações de todo e qualquer objeto que possa enriquecer o acervo familiar que eles possuem no espaço. “A gente sabe de pessoas que guardam coisas muito raras, como a coleção da revista Icomi Notícias, que foi editada por muitos anos e que é um registro riquíssimo daqueles tempos maravilhosos”, diz dona Selma.
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