CLEBER BARBOSA
EDITOR DE TURISMO
Um dos prédio mais emblemáticos e charmosos do período do Amapá como Território Federal, o Macapá Hotel foi retomado pelo Governo do Amapá, que já começou a tomar providências e fazer análises para decidir sobre o futuro do prédio histórico na orla da cidade, depois que conseguiu, na Justiça, reaver o patrimônio. O imóvel voltou para a tutela do Estado após quatro anos de briga judicial, vencida pela Procuradoria-Geral do Estado (PGE), quando a empresa C.F. de Queiroz desocupou, por completo, as dependências do espaço, no Centro da cidade.
Para evitar a depredação e a invasão, a Secretaria de Estado da Administração (Sead) que gerencia o local, temporariamente, colocou vigilantes 24 horas por dia no local. A partir de agora, um grupo de trabalho formado por técnicos de diversos setores do governo, incluindo Turismo, Infraestrutura, Cultura e Econômico, vai fazer estudos que levarão à destinação do imóvel. O grupo será coordenado pelo Comitê de Qualidade dos Gastos Públicos (CQG) e pelo Gabinete do Governador, com apoio jurídico da PGE.
Arrendamento
Contudo, as possibilidades de destinação, inclusive de leilão, só serão consideradas quando um relatório técnico de avaliação patrimonial, que está em andamento, for concluído. O objetivo do levantamento é verificar as condições em que o imóvel foi deixado pela empresa, incluindo a contagem do acervo de obras, como quadros de pintores amapaenses e outras peças de decoração e móveis.
Depois disso, será feita uma avaliação estrutural do prédio por engenheiros do governo. Eles verificarão estrutura física, instalações elétricas, hidráulicas, estado das estruturas de sustentação, entre outros aspectos técnicos.
Inventário
“Para se tomar uma decisão, é necessário saber das condições do prédio, do estacionamento, da estrutura do entorno, para verificar o que pode ser implementado ou se é mais viável e legal leiloar ou permanecer com o imóvel”, esclareceu o subprocurador-geral do Estado, Thiago Lima. “Por isso, esses procedimentos precisam ser feitos antes de se considerar qualquer possibilidade”, complementou.
Disputa judicial ainda rende impasse, diz GEA
Apesar da principal disputa já ter sido vencida – a recuperação da tutela do hotel – o governo ainda vai duelar com as duas empresas que exploraram a concessão do Macapá Hotel por quase 21 anos.
De acordo com o chefe do setor de patrimônio e Meio Ambiente da PGE, procurador Francisco Feijó, o Estado cobra das empresas Matelcons e C.F. de Queiroz, R$ 3 milhões referentes a aluguéis do contrato de concessão. “Por muitos anos, esses empreendimentos deixaram de repassar aproximadamente R$ 22 mil mensais ao Estado. E é isto que estamos cobrando na Justiça”, reiterou o procurador Feijó.
Segundo ele, a ação, que tramita na 1ª Vara Cível de Fazenda da Comarca de Macapá está próxima de ter a decisão proferida.
Descaracterização
Em que pese a boa vontade de colocar para rodar o potencial do Macapá Hotel, as intervenções feitas pelo antigo permissionário não vinham surtindo efeito e até descaracterizaram o verdadeiro papel do imóvel.
Antigo gerente do Novotel Macapá, turismólogo suíço opina sobre setor
Quando o Macapá Hotel ainda se chamada Novotel Macapá, o suíço Diego Born havia chegado ao antigo Território Federal do Amapá, em outubro de 1984, sendo o segundo gerente-geral do Novotel, que pertencia a um grupo francês de hotelaria, o Accor, hoje o maior do mundo neste segmento. “Hoje esse grupo possui seis redes hoteleiras, como Ibis, Mercure, Sofitel, entre outras espalhadas pelo mundo todo, além de restaurantes industriais que eu também fiz parte, como a GR do Brasil”, diz ele.
Ele morou por 18 anos na Argentina, tem forte sotaque hispânico, que impregnou nas cinco línguas que fala, entre elas o nosso português. Mas este suíço de nascimento é um cidadão do mundo e alguém que se diz apaixonado pela Amazônia e em especial o Amapá, onde nasceram duas filhas e, claro, sua esposa.
Autoridade
Diego Born é bacharel em Turismo pela primeira Universidade a organizar um curso para esse segmento da economia, em Lausanne, além de Mestrado, em Genebra. Mas diz que apreendeu muito no Brasil e na Amazônia, daí defender cursos locais de formação de mão de obra para o turismo. Ele diz que já naqueles tempos do Território Federal já se falava em explorar o potencial turístico do Amapá.
“Potencial não se vende. O que você compra é um produto. Então para você ser competitivo você tem que ter um produto de qualidade, em todos os níveis, inclusive em questão de segurança”, ensina. Ele defende uma tese que em se tratando de turismo o melhor é copiar e adaptar coisas que deram certo no mundo.
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