O destino de dois astros do mundo
Com papel igual na vida, o destino levou a cada um deles para caminhos distintos, como vou lhes mostrar a seguir: Jorge Luis Borges tinha problemas visuais desde criança, perdendo a visão em 1950.
Ulisses Laurindo – Jornalista
Articulista
O distinto leitor deve estranhar o meu assunto de hoje, dedicado à morte. Fico à vontade, porque morte não é exclusiva de ninguém, pois é comum a todos os seres vivos. O assunto de hoje me envaidece em trazer ao público, porque se trata de dois grandes vultos da humanidade, ambos que já se foram, um por vontade própria, o outro, pela contingência natural da vida. Os dois personagens são o escritor argentino, Jorge Luis Borges, falecido em junho de 1986, na Suiça e o outro, o também escritor, de origem austríaca Stefan Sweig.
Com papel igual na vida, o destino levou a cada um deles para caminhos distintos, como vou lhes mostrar a seguir: Jorge Luis Borges tinha problemas visuais desde criança, perdendo a visão em 1950. Mesmo assim, produziu obras literárias até hoje no gosto do povo, como Borges e Eu, Labirinto, Biblioteca Babel e muitas outras. Mas o que quero destacar na vida artista argentino foi a mensagem que ele divulgou dois anos antes de morrer, com dizeres que fala de sua vida e o que faria se tivesse que viver novamente.
Ei-la: “Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros; Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais; tomaria mais sorvete; Seria mais tolo ainda do que tenho sido,na verdade bem poucas coisas levaria a sério; Correria mais riscos, viajaria mais; Contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios; Iria a lugar onde nunca fui, tomaria mais sorvetes e menos lentilha, teria mais problemas reais ou imaginários. Fui dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minutos da sua vida, claro que tive momentos de alegria; Mas, se pudesse voltar a viver trataria de ter somente bons momentos; Porque, se não sabem, disso é feita vida, só de momentos, não percas o agora; Eu era um desses que nunca ia a parte alguma sem um termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda chuva e um paraquedas; Se voltasse a viver viajaria mais leve; Se pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim do outono. Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças, se tivesse oura vez uma vida pela frente. Mas já viram, tenho 85 anos e sei que estou morrendo”. Uma lição pessoal de vida.
A outra história é do austríaco Stefan Sweig, que se refugiou no Brasil fugindo das atrocidades de Adolf Hitler. Sua literatura é amada no mundo inteiro, inclusive, em agradecimento ao Brasil, escreveu o livro “Brasil, país do futuro, destacando seu imenso território. Angustiado pela guerra, veio para Petrópolis e fixou residência com a esposa, Charllotte, Altman, ao qual também a levou ao mesmo destino. Sweig ingeriu dose mortal de veneno, e suicidou-se em 23 de fevereiro de 1942, deixando uma carta, explicando seu gesto.
A carta: “Antes de deixar a vida por vontade própria e livre, com minha mente lúcida, impunha-me última obrigação, dar seu carinhoso agradecimento a este grandioso país, que é o Brasil, que me propiciou a mim e ao meu trabalho tão hospitaleira guarida. A cada dia aprendia a amar este país mais e mais, e em parte alguma poderia reconstruir minha vida. Assim, em boa hora e conduta ereta, achei melhor concluir uma vida na qual o labor intelectual foi a mais pura alegria e a liberdade pessoal o mais precioso nem sobre a terra. Saúdo todos os meus amigos, que lhes seja dado ver a aurora desta longa noite. Eu, demasiadamente impaciente, vou-me antes.”
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