Espetáculo rondoniense “As Mulheres do Aluá” em Macapá
Apresentações acontecem nos dias 26 e 27 de Outubro no Teatro das Bacabeiras com entrada gratuita
Macapá recebe em outubro “As Mulheres do Aluá”, espetáculo rondoniense do “O Imaginário (RO). A apresentação faz parte da Circulação Nacional aprovado no Programa Petrobras Distribuidora de Cultura 2015/2016 e conta com o apoio do Governo do Estado do Amapá e Captta.
“As Mulheres do Aluá” conta a história de mulheres de diferentes épocas que foram condenadas, num período em que o pensamento-homem determinava a condição de cada uma delas. Com histórias marcadas pela violência, elas foram rés em processos judiciais que revelam a dificuldade em um ambiente hostil e opressor do passado na Amazônia, influenciado pelo ciclo da borracha e construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré.
O espetáculo foi concebido a partir desta pesquisa cênica que coloca em foco a relação de gênero e o universo feminino. Essas histórias registradas nas páginas frias dos processos foram transformadas em dramaturgia e virou espetáculo.
Quatro mulheres/personagens: Bebé Robert, Josefa Cebola, Elisa e Catharina são condenadas e trancadas em celas que ficam numa cidade abandonada no interior da floresta, com o passar do tempo se transformaram em “mulheres de pedra”, uma vez por ano saem desta condição para beber e festejar o “ALUÁ”, enquanto estão preparando a bebida relembram suas memórias/lembranças, bebem o aluá e depois voltam à condição de mulheres de pedra.
O encenador, com fina sensibilidade, construiu uma encenação estética usando elementos que estabelece um ritual de quatro mulheres, com suas memórias em que a realidade é gerada pelos processos de confecção do aluá e é banhada pelas memórias e pelos mitos amazônicos.
Outro aspecto significativo é a trilha utilizada que alude aos costumes e mitos ribeirinhos. Alguns objetos cênicos também causam impacto, pois concentram em sua significação toda a violência representada por essas personagens. Um acerto em trazer a cena um espetáculo que revela novas histórias e que ganha um contorno estético e uma beleza plástica.
Para o diretor do espetáculo, Chicão Santos, esta é uma oportunidade interessante para conversar sobre a condição da mulher em seus mais variados aspectos. “Vamos oferecer ao público de Boa Vista um bom espetáculo, com a possibilidade de acionar um caloroso debate sobre as questões relacionadas ao universo feminino e as relações de gênero”, afirma Chicão.
O elenco é formado pelas atrizes Zaine Diniz, Amanara Brandão, Agrael de Jesus, Jaque Luchesi, com Dramaturgia de Euler Lopes Teles e Direção de Chicão Santos.
Ação de nova plateia, oficinas e debates
O Imaginário tem como proposta ampliar a discussão sobre o espetáculo também em seus aspectos técnicos, para isso após cada apresentação a plateia é convidada a um bate papo com o elenco.
Investir em formação de plateia também faz parte das ações do grupo. A segunda apresentação (27/10) será oferecida, preferencialmente, para alunos de escolas públicas. Os profissionais envolvidos no projeto fazem a preparação e formação anterior desses estudantes em sala de aula da própria escola e os convidam a assistir o espetáculo.
Nos dias 21 e 22 será realizada a oficina “A cena e o processo” para alunos de escolas públicas, artistas e professores, com base na experiência do ator criador e a cena. A oficina aborda aspectos do fazer teatral, educação e sensibilidade para a apreciação e discussão da obra/peça; apreciação do espetáculo e relatos de experiências vivenciadas no processo de montagem da peça. As inscrições são gratuitas e já podem ser feitas através do e-mail tapiri.oimaginario@gmail.com.
Acessibilidade
Para tornar o espetáculo acessível a todos, haverá intérprete de Libras, a língua brasileira de sinais nas apresentações.
Atividades complementares
O Imaginário realiza no período de 18 a 27 de outubro encontro, vivências e intercâmbio com artistas, coletivos e militantes da área cultural.
Conheça “O Imaginário”
Desde sua criação em 2005 a principal ação do O Imaginário é discutir o teatro, o público e a cidade, ação estratégica para o desenvolvimento de conceitos que asseguram a luta por um teatro insurgente e pela promoção do acesso do cidadão a arte como um direito social.
Com a realização de mais uma circulação O Imaginário tem a oportunidade de manter viva as de levar o teatro em todos os lugares, promover trocas com outros coletivos e compartilhar estudos, pesquisa e investigação, inovando e transgredindo a relação do teatro, mantendo o fortalecimento do fazer teatral no panorama Amazônico.
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