Currículo escolar e Base Comum são temas de encontro
Essas e outras questões estão sendo debatidas no Encontro Internacional do Ensino Fundamental, realizado pela Secretaria Municipal de Educação (Semed), na Ueap.
Quais os requisitos utilizados para avaliação de um aluno do ensino básico? Os conteúdos dos livros didáticos atuais versam sobre a diversidade das culturas regionais ou reproduzem histórias muito distantes da realidade vivida pelas crianças? Como estimular as discussões de gênero, de etnia, de biodiversidade no currículo escolar, com olhar para o universo sociocultural do seu estado? Quais as novas linguagens da educação básica, o que está se falando no cenário nacional, que mudanças estão ocorrendo no país, no sentido de se melhorar a qualidade do ensino fundamental? O que está sendo tratado na construção da Base Nacional Comum Curricular? Quais programas e projetos podem inovar o ensino?
Essas e outras questões estão sendo debatidas no Encontro Internacional do Ensino Fundamental, realizado pela Secretaria Municipal de Educação (Semed), na Ueap. O evento teve início na segunda-feira, 26, e encerra nesta terça, 27, com a participação de especialistas em Educação de Portugal, do Pará e do Amapá.
A rodada de conferências foi aberta pelo professor doutor Antonio Manuel Borralho, da Universidade de Évora-Portugal. Em uma conversa aberta com os mais de 190 professores participantes. Ele trouxe experiências de sua terra natal sobre o processo de “Avaliação para as aprendizagens nos anos iniciais”. O foco dessa palestra foi atentar para as competências do educador, que devem ser qualificados, com conhecimentos científicos, didáticos, curriculares e pedagógicos, mas também com qualidades humanas que lhes permitam compreender e lidar adequadamente com os alunos, pais e encarregados de educação, com técnicos de educação ou com os seus próprios colegas.
“Os alunos são avaliados meramente por uma série de provas, tarefas, exercícios em sala de aula, quando outras aptidões como participação, envolvimento com os colegas de classe e com as atividades intra e extracurriculares da escola, toda a diversidade existente em uma sala de aula, devem ser levadas em consideração. Tem que haver uma flexibilização no currículo. Temos que pensar num currículo que seja de fato inclusivo, para uma escola para todos”, pontuou Borralho.
À tarde, o encontro continuou com a conferência “Base Nacional Comum Curricular: percursos, propostas e perspectivas”, ministrada pelo professor doutor Giovani José da Silva, da Unifap, que integra a comissão de especialistas, na banca de história, responsável pela construção do texto da Base Nacional Comum. Ele apresentou os percursos de formação da comissão e dos trabalhos realizados ao longo do ano, as propostas delineadas no documento preliminar (especialmente as relacionadas aos anos iniciais do ensino fundamental) e as perspectivas que se apresentam com o material elaborado e oferecido à Sociedade Brasileira para Diálogos e Debates, no Portal da Base (http://basenacionalcomum.mec.gov.br/#/site/inicio).
“Preocupa-me o fato de passarmos anos e anos da nossa vida em uma sala de aula aprendendo coisas da França, da Europa, e quase nada da nossa realidade brasileira, e essa é uma coisa vivenciada por nós, brasileiros, há décadas, e isso mostra que há algo errado no nosso currículo. Para vocês terem ideia, na França, eles não estudam nada da história dos outros, somente a história deles. A pergunta é: o que as nossas crianças têm o direito de aprender? É isso que está sendo discutido”, explicou Giovani.
Base Nacional Comum
A definição de quais conteúdos ensinar e do que é desejado que os estudantes saibam é influenciada por diferentes referências. Buscando solucionar a questão, o Ministério da Educação (MEC) convocou pesquisadores, formadores de professores e representantes de associações como a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped). O grupo vem se reunindo periodicamente para criar a base nacional comum dos currículos, um descritivo de conteúdos e saberes necessários para cada ano e segmento da Educação Básica. O próximo passo será a apresentação de uma versão do documento aos secretários de Educação, que o levarão aos professores da sua rede para que seja discutido. Com a base comum se cumprirá a meta 7 do Plano Nacional de Educação (PNE) – fomentar a qualidade da Educação Básica, do fluxo escolar e da aprendizagem. A lei determina que até junho de 2016 ela seja encaminhada ao Conselho Nacional de Educação (CNE). Os professores, segundo o MEC, poderão opinar por meio de uma plataforma digital, ainda não disponível.
O primeiro dia do encontro teve ainda uma mesa redonda formada por pedagogos das escolas municipais Maestro Miguel, Goiás, Fortaleza e Aracy Nascimento, que apresentaram experiências exitosas no aprendizado dentro dessas instituições de ensino. O evento encerra na tarde desta terça-feira, 27, com mais conferências, mais mesa redonda, desta vez sobre os projetos de fomentação à leitura, e mais relatos de experiências positivas nas escolas.
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