Cidades

Encontro encerra com destaque para o incentivo à leitura

Escola de Leitores, Programa Nacional de Incentivo à Leitura (Proler) e Expedição Vaga Lume, esses três programas de resultados expressivos implementados nas escolas da rede municipal de ensino de Macapá estiveram na pauta da mesa de discussão que encerrou o Encontro Internacional de Ensino Fundamental, promovido pela prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Educação, nos dias 26 e 27 de outubro, na Ueap.


Mais que mostrar a importância desses trabalhos, o foco principal esteve nas possibilidades de transformação por meio da leitura. “Essas iniciativas promovem o acesso à leitura e ao livro em diferentes espaços, onde existam pessoas que queiram ter esse contato com a leitura e transformam vidas”, abriu a mesa redonda, a professora Vera Lúcia Ferreira. 

Escola de Leitores foi o primeiro a ser apresentado, pela professora e coordenadora Mariza Pinheiro. É um projeto da Prefeitura de Macapá, desenvolvido pela Educação de Ensino Fundamental da Semed, iniciado em 2013, que visa otimizar todos os processos de leitura que a escola dispõe e utilizando diferentes estratégias. Uma delas é a sacola literária, um kit feito para ser entregue aos alunos, de modo que ele possa levar livros para ler em sua casa, por intermédio de empréstimos na biblioteca da escola, compartilhando a leitura com a sua família. 

“Temos crianças que já são leitoras assíduas, outras que já escrevem seus próprios livros, suas próprias histórias; muitas que lêem mais de dez livros por semana, que trazem os pais para dentro da escola. Histórias só fazem sentido quando têm uma relação de significância para o leitor. O mais importante é ver que os alunos estão lendo e produzindo. De nada adianta uma biblioteca cheia de livros se eles não circulam, se os estudantes não têm acesso a esse material”, contou Mariza. 

Na valorização dos pequenos leitores, este ano o Escola de Leitores já formou 450 professores do ensino fundamental, distribuiu 735 sacolas literárias, foram alcançados cerca de 12.350 alunos da rede e entregues 80 estantes móveis com livros. 

O Programa Nacional de Incentivo à Leitura foi apresentado pela professora Claudevânia Carvalho, que, emocionada, explicou: “O Proler tem a finalidade de contribuir com a ampliação da leitura. Vamos para qualquer lugar onde tenha gente que nos ouça, por ar, pela terra, por onde pudermos ir e chegar”. O programa vem sendo executado desde 1992, e em Macapá foi implementado no dia 22 de março de 2013, em parceria com a Semed. Atua estimulando a formação de bibliotecas públicas, comunitárias e escolares, e na formação de mediadores de leitura. 

“Eu não posso ser um disseminador da leitura se eu não leio, ai vale se perguntar: quantos livros eu li este mês? Tem professor que não lê, que só conhece as leituras dos livros didáticos. Para formar leitores é preciso ser apaixonado pelos livros e entender que essa rede de leitores não é um dever somente das escolas, mas de toda a sociedade, principalmente na nossa casa”, deixou o recado. Nesses quase três anos de funcionamento na rede municipal, o Proler atendeu cerca de 500 professores, mais de 3 mil alunos, mais de 600 pessoas da comunidade em geral, mais de 100 profissionais de outras áreas (psicólogos e assistentes sociais), totalizando 4.200 atendimentos. 

Por fim, a professora Aurilene Tertuliano compartilhou as experiências da Expedição Vaga Lume, uma organização social, de interesse público, sem fins lucrativos, desenvolvido há 15 anos nas escolas rurais. No Amapá é desenvolvido com o apoio da Semed e da Secretaria de Estado da Educação (Seed), promovendo projetos por meio de trabalhos voluntários, formando mediadores de leituras que atuam junto às comunidades. Em Macapá existem oito escolas instaladas nas comunidades de Torrão do Matapi, Ressaca da Pedreira, Corre Água, Ponta Grossa, São Joaquim do Pacuí, Santa Luzia do Pacuí, Tracajatuba e Campina de São Benedito. Essas duas últimas comunidades são referências, pois possuem sede própria, construídas pelos moradores. 

A apropriação da comunidade no projeto rendeu premiações à Expedição Vaga Lume e chamou atenção da grande mídia. O Jornal Folha de São Paulo veio até Macapá conhecer a história das comunidades e algumas crianças participaram do programa Esquenta, da Rede Globo. Este ano, duas crianças e mais um mediador de leitura da Escola Municipal Erídio Rocha, do Pacuí, viajarão em novembro para fazer intercâmbio em São Paulo. A Vaga Lume atua nos 23 municípios da Amazônia Legal Brasileira e em São Paulo, onde se localiza a sede. São 158 bibliotecas espalhadas por lugares mais inesperados. 

Música, dramatização, teatro de fantoche, rodas de leitura, contação de histórias, construção de novas histórias. “Não importa quais mecanismos serão utilizados para chegar ao coração de um leitor. Um bom professor ou mediador, para despertar o gosto pela leitura em outras pessoas, tem que se expor, não ter vergonha, rir de si próprio, gostar do que faz. Não há outra receita para o sucesso que seja mais eficaz que essa. É um trabalho de formiguinha, mas com resultados valorosos”, encerrou com esta fala a mesa de discussão a professora Aurilene.


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