Randolfe reclama que preço do querosene prejudica a aviação
PARA O SENADOR, SITUAÇÃO É AINDA PIOR NAS REGIÕES MAIS DISTANTES
Ao comentar, nesta quarta-feira, 11, o pronunciamento que fez no plenário do Senado na sessão de terça-feira, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) lamentou o fato de que as regiões mais distantes e de difícil acesso são as mais prejudicadas com o elevado preço do querosene. Em entrevista ao Diário do Amapá, o parlamentar afirmou que os preços praticados são os maiores gargalos da aviação comercial brasileira, que registra prejuízos que já atingem R$ 7 bilhões em 2015.
De acordo com Randolfe, o preço do querosene corresponde a até 40% dos custos de uma empresa aérea. Ele explicou que o ICMS sobre os combustíveis tem diferentes alíquotas no país, que variam de 12% a 25% nos principais aeroportos: “A prática é prejudicial a todos. A atual ausência de regulamentação sobre o querosene de aviação traz prejuízos para todos os setores, os estados, o consumidor final e as empresas”.
O Senador explicou que a aviação comercial tem sofrido com a mudança cambial em relação ao dólar, o que traz consequências diretas e imediatas para as regiões mais distantes do país, muitas vezes só acessadas por via aérea ou fluvial, a exemplo de Macapá, capital do Amapá.
Randolfe alertou que a manutenção dos preços no patamar atual pode levar as empresas a reduzir o número de vôos, afetando, principalmente, o Norte do país: “A aviação no Amapá, Acre, Rondônia, Roraima e Amazonas não é um luxo, mas um meio de sobrevivência, às vezes um mecanismo mais próximo entre a vida e a morte, devido a ausência de atendimento médico. A crise do setor da aviação civil comercial brasileira promete agravar a situação da aviação na Região Amazônica. A tendência é que as empresas reduzam a quantidade de voos que oferecem à região”.
Desafios
Nesta quarta-feira, 11, a Confederação Nacional dos Transportes divulgou o trabalho ‘O Estudo Transporte e Economia – Transporte Aéreo de Passageiros’, o primeiro da CNT sobre o modal aéreo. São disponibilizados dados e análises do desempenho recente desse segmento que apresentou crescimento de 210,8% no número de passageiros entre os anos 2000 e 2014. As empresas aéreas transportavam anualmente 32,92 milhões de passageiros em 2000 e, no ano passado, o número chegou a 102,32 milhões.
O estudo mostra que na última década, com a liberdade tarifária e a diferenciação de preços, as empresas aéreas conseguiram baixar os valores das passagens significativamente e milhares de pessoas passaram a voar. O governo anunciou recentemente a intenção de chegar a 600 milhões de passageiros por ano em 2034. Em 12 anos, os preços caíram 43,1% (de 2002 a 2014).
Entretanto, de acordo com o presidente da CNT, Clésio Andrade, para que os ganhos sejam mantidos e as ofertas de voo ampliadas, é necessário criar condições de infraestrutura e solução para os gargalos, como o elevado preço do combustível de aviação e problemas de infraestrutura. O estudo da CNT identifica obstáculos e propõe soluções. “O aumento da demanda deve ser devidamente acompanhado pelo incremento das infraestruturas aeroportuária e aeronáutica. Solucionar os atuais entraves e promover ações planejadas é iniciativa essencial para que o setor continue atraindo mais passageiros”, ponderou. (Ramon Palhares)
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