Gravidez é desaconselhada no Amapá após surto de microcefalia
Mosquito transmissor da dengue, o aedes egipty, é também responsável pela febre zica, causadora da doença
Especialistas fazem o alerta: as mulheres devem evitar gravidez enquanto não forem concluídos estudos que analisam a possibilidade de aumento dos casos de microcefalia à febre zika, identificada no Brasil neste ano, causada pelo mesmo mosquito da dengue e chikungunya. Em pouco mais de três meses, o Ministério da Saúde registrou 399 casos de recém-nascidos com a má-formação do cérebro que pode levar a problemas graves no desenvolvimento da criança.
Amostras coletadas do líquido amniótico de duas gestantes cujos fetos foram diagnosticados com microcefalia confirmaram a infecção pelo vírus zika. O próprio Ministério da Saúde aconselha que a gravidez, pelo menos, no momento, deve ser evitada, principalmente em regiões de floresta e onde há ocorrendo de dengue e chikungunya, como no Amapá. Já as mulheres que moram em outras regiões devem avaliar o risco junto com os seus médicos.
De acordo com o infectologista Artur Timerman, presidente da recém-criada Sociedade Brasileira de Dengue e Arboviroses, as mulheres devem prevenir a gravidez por ora, mesmo aquelas que vivem em regiões sem surtos de zika: “Ainda não sabemos a real dimensão do problema. Ninguém está sendo testado para zika como rotina. Então, não dá para garantir que as mulheres que vivem em São Paulo, por exemplo, estejam em segurança”, afirma.
O ginecologista Thomas Gollop, especialista em medina fetal, compartilha a mesma opinião. “O bom senso recomenda prevenir a gravidez. Todo cuidado é pouco. Do contrário, colocaremos gestantes e fetos em risco”, diz.
As mulheres que moram em outras regiões, principalmente em área de florestas e que possuem incidência da dengue e chikungunya, Já as que estão em outras regiões devem avaliar o risco junto com os seus médicos. “O princípio da precaução deve ser adotado. Na dúvida, é melhor ser cauteloso e proteger a paciente”. Ao mesmo tempo, ele se preocupa em não criar pânico: “Temos que ser transparentes e reconhecer nosso despreparo em lidar com algo muito novo e muito sério”
O Ministro da Saúde, Marcelo Castro, faz coro aos especialistas. Ele sugere que mulheres que desejam engravidar devem analisar os riscos com a família e médicos antes de tomar uma decisão. Ele ressalta que se o zika for confirmado como a causa do surto, conforme a hipótese investigada, a situação pode se estender para outros Estados além do Nordeste e até outros países. “O zika era tratado como dengue mais branda. Se for confirmado que é o causador, isso o torna o mais perigoso dos vírus transmitidos pelo Aedes aegypti”, afirmou.
Cenário é grave
Na opinião do diretor de Vigilância de Doenças Transmissíveis, Cláudio Maierovitch, que está à frente das investigações no Ministério da Saúde sobre o aumento de casos no Nordeste de recém-nascidos com microcefalia – malformação do crânio que pode levar a seqüelas – afirma que o cenário pode ser pior do que se imagina. Para ele, a tendência é que o surto se espalhe pelo país caso se comprove a relação com o zika vírus, transmitido pelo mosquito da dengue. Levantamento oficial mostra que o vírus já circula em 14 Estados.
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