CLEBER BARBOSA
EDITOR DE TURISMO
Após a verdadeira crise que a paralisação por quatro anos dos desfiles das escolas de samba provocou no Carnaval do Amapá, o evento foi retomado este ano com uma nova perspectiva, de ser menos poder público e mais a iniciativa privada no protagonismo financeiro da festa. E o mote é a formatação do evento como um produto turístico, que possa ser colocado na prateleira e ser comercializado, alavancando com isso toda a cadeia econômica do carnaval e ajudando o estado em sua economia.
O Diário do Amapá traz neste domingo a cobertura do segundo dia dos desfiles no complexo turístico do Marco Zero do Equador, pois na edição do último final de semana só havia sido possível registrar a abertura da folia. Para quem resistiu bem à noite inicial, a segunda etapa do desfile das escolas de samba do Amapá, que terminou na madrugada do domingo, reservou grandes atrações – e reencontros. Como as arqui-rivais Piratas da Batucada e Maracatu da Favela, que vinham se alternando em títulos nos carnavais da Era Sambódromo antes da interrupção da competição nos últimos anos. Mas as demais concorrentes, Emissários da Cegonha, Império da Zona Norte e Unidos do Buritizal também mostraram a que vieram.
Embaixada
A Associação Cultural Embaixada de Samba Cidade de Macapá abriu a segunda noite de desfile das escolas de samba do Amapá. A agremiação prestou homenagem à festa de São Tiago, realizada em julho, no município amapaense de Mazagão, umas das maiores tradições religiosa do Amapá. Com o enredo “Mazagão: A Fantástica Batalha de Fé do Povo que Atravessou o Mar ”, a Embaixada contou um pouco da grande batalha vencida pelos cristãos, na guerra santa com os mouros. São Tiago e São Jorge são considerados ela história como guerreiros divinos, e que lutaram ao lado dos cristãos, trazendo proteção e mantendo a devoção em uma luta que continua na memória, há 243 anos.
Zona Norte
A Império da Zona Norte entrou na passarela do Samba do Meio do Mundo por volta de meia noite. O desfile foi marcado por animação, fantasias bem acabadas e alegorias que foram inspiradas nos principais monumentos do Amapá, como a Fortaleza de São José e o Monumento Marco Zero. Considerado o hino oficial da cultura amapaense, a escola trouxe o enredo “Meu Jeito Tucuju”, música de autoria dos poetas Joaozinho Gomes e Val Milhomen.
Piratas da Batucada e Emissários são campeãs
Com enredo “viagem à Terra do Nunca”, a Associação Recreativa Escola de Samba (A.R.E.S.) Piratas da Batucada é bicampeã do carnaval 2020, pelo grupo especial, com 269,4 pontos. Das escolas de acesso, a vencedora foi a Associação Recreativa Escola de Samba (G.R.E.S.) Emissários da Cegonha, com 268 pontos e, em 2021, desfilará pelo grupo especial. Este ano não houve rebaixamento. As agremiações receberam troféus e premiação em dinheiro: R$ 8 mil para a campeã do grupo especial e R$ 4 mil para a de acesso.
Piratão
Na concepção do carnavalesco da Piratas da Batucada, a escola propunha fazer uma viagem insólita para dentro de nós mesmos, na busca de despertar a criança que se esconde no interior de cada um. E, como um devaneio, libertar a mente do folião para a criação de um mundo especial, como os personagens do clássico da literatura infantil “Peter Pan”. Assim, a agremiação acreditava que cada um gostaria de viver na eterna “Terra do Nunca”, onde o impossível nunca é demais e sempre haverá alegria. Levou para a avenida cerca de mil brincantes, três carros alegóricos e 150 ritmistas.
Carnaval aquece economia e fortalece os pequenos empreendedores
Buritizal
Com mais de mil brincantes, e falando sobre religião, a escola de samba Unidos do Buritizal, apresentou ao público presente no segundo e último dia dos desfies oficiais do Carnaval no Meio do Mundo, o enredo “A fé nossa de cada dia: os caminhos são muitos, mas o ponto de chegada é um só!”. Na briga pelo título, a agremiação apostou em tecnologia e na luxuosidade das alegorias, com show pirotécnico e até reprodução de imagens em telão. Na avenida, o enredo explorou as diversas manifestações de fé, lembrando que os caminhos são muitos, mas, quando se tem fé, o ponto de chegada é o mesmo. O desfile teve vários símbolos cristãos, sendo destacado no segundo carro alegórico, que trouxe a imagem da padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida e, também, a imagem de Oxum, a deusa do amor da umbanda.
Maracatu
A Maracatu da Favela trouxe o enredo “Solo fértil de imensos tesouros que brilham como fogo no extremo Norte do Brasil” e confiante no título. A “verde e rosa” ousou do início ao fim do desfile, marcado pelo luxo e riqueza visual. Com mais de 1000 brincantes, o público cantou e vibrou junto com a Maracatu, que cantou as riquezas minerais, culturais e a biodiversidade do Amapá, explorada pelas dez alas apresentadas no palco do Samba. Uma das favoritas ao título, a agremiação não economizou nas cores e nas coreografias, tendo a comissão de frente como o principal destaque da verde e rosa. Logo após a passagem da penúltima ala, o último carro alegórico da Maracatu quebrou e acabou sendo impedido de passar na avenida. O carro precisou ser removido por um trator, para poder liberar a pista para a passagem da próxima escola, Piratas da Batucada.
*Colaborou: Liesap/D1 Comunicação
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