Esportes

Dunga fala de Jefferson, Thiago Silva reprova paternalismo no futebol

Treinador deixa portas abertas para retorno do zagueiro, explica troca de goleiros e dá recado: “Temos que tratar jogador como homens. Não tem que ficar de coitadinho”


Dunga deixou as portas da Seleção abertas para todo mundo, mas não se privou de mandar seus recados para aqueles que se sentiram incomodados com suas decisões nos últimos meses. Para Jefferson e Thiago Silva mais precisamente. Titulares na Copa América, os dois perderam espaço e estiveram no centro de polêmicas. O zagueiro nunca mais foi sequer convocado e lamentou publicamente não ter sido procurado pelo capitão do tetra ao ser preterido para os amistosos contra Costa Rica e Estados Unidos, enquanto o goleiro revelou esperar “mais crédito” antes de ser barrado por Alisson.  

Capitão da Seleção na última Copa do Mundo, Thiago Silva já tinha entrado em conflito com o comandante ao se mostrar insatisfeito por perder a faixa para Neymar. Em entrevista ao “Fox Sports”, Dunga tratou o defensor do PSG como um jogador qualquer em condição de ser convocado, mas deixou nas entrelinhas o desconforto com algumas de suas atitudes recentes:

– O Thiago é um jogador que está aí e estamos observando. Temos mesclado uns com mais experiência, uns com menos experiência. Pensamos nas eliminatórias, pensamos na Copa do Mundo. Mas não adianta assessor ficar botando notícia em jornal, não vai pressionar. O Thiago tem chance de voltar (…) Na Seleção, são 23. Para ser capitão, tem que jogar. Antes de pedir faixa, tem que jogar. O capitão é uma decisão do treinador. No futebol, não posso excluir nada, mas temos que tratar os jogadores como homens, como profissionais, e não como crianças. Não tem que ficar coitadinho, pobrezinho. É um trabalho. Não sei de onde reivindicam posto. Você não reivindica, você ganha o posto.  

Sempre depois dos treinos, sento e falo sobre o rendimento de cada jogador. A decisão foi minha. Conversei com o Taffarel, perguntei o que achava, e ele concordou. Conversei com o auxiliar, preparador, médico… Quanto a essa polêmica, é interessante. Falamos de mudança, de Europa, de tática, sistema, e a Seleção não é um clube onde há um titular. A Seleção tem 23 que convocamos e precisamos ter a confiança absoluta. O curioso é que tirei um atacante titular na Copa do Mundo (Hulk), um lateral (Marcelo) e ninguém reclamou. Para mim, é estranho reclamarem só do Jefferson. No dia a dia, nos treinamentos, o Alisson estava sobrando. Foi parecido quando treinei o irmão dele (Muriel) no Internacional. Você vê o treino e a reação de todos os envolvidos. O jogador se escala.  

Dunga se mostrou ainda contrário ao paternalismo que acredita ter tomado conta do futebol brasileiro nos últimos anos e reprovou tantos questionamentos após suas decisões:

– Tenho que ser justo com o que meus olhos estão vendo em campo. Falamos em profissionalismo no futebol e queremos tratar os jogadores como crianças. Ou evoluímos ou vai ser sempre esse paternalismo. Na Europa, o cara tira três ou quatro e é fantástico, é rodízio. Aqui, se trocamos três, falam só de um. Ele (Jefferson) falar aí fora mostra que quer jogar, mas tem que falar para mim. Falar para os outros não vai mudar o meu pensamento. Não tem ônus nenhum. Não quero ter razão, quero ganhar.

Terceiro colocado nas eliminatórias sul-americanas para a Copa da Rússia, em 2018, o Brasil volta a jogar em 24 de março, na Arena Pernambuco, diante do Uruguai. Cinco dias depois, o rival será o Paraguai, em Assunção.


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