Cidades

Artesãos ficam sem espaço para trabalhar em Macapá

Cobrança de aluguéis na Casa do Artesão e Museu Sacaca inviabiliza permanência dos artistas nos locais


A presidente da Associação dos Artesãos do Amapá, Cláudia Penafort, anunciou na manhã desta quinta-feira, 07, no programa LuizMeloEntrevista (DiárioFM 90.9), que deverão encerrar suas atividades na Casa do Artesão e no Museu Saca. De acordo com ela, a decisão da direção do Museu de cobrar aluguéis inviabiliza a permanência dos artistas nos locais; já a direção da Casa do Artesão informou que Casa do Artesão entraria em recesso a partir de janeiro, o que, na opinião dela, não procede, e pode ser um indicativo de que eles serão retirados do local.
 
“Tínhamos um espaço no Museu Sacaca chamado Lojinha e mercearia da Amazônia, com mais de 50 artesãos expondo os seus trabalhos. O espaço era cedido para os artesãos. A partir deste mês, entretanto, a direção do Museu Sacaca começou a cobrar aluguel da Associação no valor de R$ 300, mas não temos condições financeiras de bancar este aluguel. Foi sugerido, ainda, que a associação cobrasse dos artesãos o valor de R$ 10, mas os artesãos não têm como pagar, considerando que a associação não tem fins lucrativos, porque não estamos ali para comercializar com o objetivo de ficarmos ricos. O artesão produz e vendendo sua mercadoria por um preço simbólico de até R$ 1”.
 
Cláudia reclamou, também, da falta de apoio oficial aos artesãos: “Nós não temos subsídios do governo e não contamos com nenhuma ajuda oficial. Eles dizem (a direção do Museu Sacaca) que o valor cobrado a título de aluguel seria um valor simbólico, mas para a Associação é um valor muito alto. Eu tive que comprar uma central de ar condicionado para a Lojinha porque queimou a Central do Museu, e estou com dois meses das mensalidades atrasadas dessa Central porque não conseguir reaver esse dinheiro. Nossa situação está muito difícil”.
 
Casa do Artesão
Segundo a diretora, a associação foi informada pela direção que a Casa do Artesão entraria em recesso a partir de janeiro: “Isso é muito estranho, porque a Casa do Artesão deveria funcionar todos os dias do ano, considerando que é um dos pontos turísticos do Estado. A Casa do Artesão já está praticamente fechada há um ano por problemas de infiltração, com sérios danos na parte elétrica do prédio, mas é um problema que tem solução. Pedimos um socorro para todos os artesãos. Os artistas locais estão perdendo tudo; já fechou a Casa do Artesão, fechou a Lojinha no Museu Sacaca e também a Escola Candido Portinari; a Escola Valquíria Lima também não existe mais, além do fechamento de um espaço que tínhamos no Monumento do Marco Zero. Aí vem a pergunta: Onde o turista vai comprar? Será que tudo o que está acontecendo não seria uma vingança porque hoje o artesão está tendo sua autonomia, e está sendo reconhecido como profissional?”, indagou.
 
Para Cláudia, o Poder Público não vê com bons olhos o reconhecimento da profissão de Artesão: “A nossa lei já foi aprovada em Brasília, e só falta ser aprovada aqui no Estado. Acham que os artesãos devem sempre estar subordinados a alguém? Ou ao governo do Estado? Nós queremos e merecemos nossa autonomia. Quem dera se a Associação tivesse condições de alugar um espaço! O aluguel em todos os cantos do Estado é caro, e a Associação não recebe nenhum valor fixo para isso. Nós vendemos a cultura do Estado, nós divulgamos a cultura. Estão tirando tudo de nós; em 2010 nós fomos beneficiados por uma emenda (parlamentar) para aquisição de dois veículos para a Associação. Até aí estava tudo bem, mas, quando entrou esse governo, os carros foram tomados de nós porque não estão no nome da associação, mas sim no nome do Governo do Estado. Eu já me informei sobre a questão e constatei que foi ilegal o que fizeram”.
 
Dificuldades
Ouvida por telefone pela equipe do programa, a titular da Secretaria de Estado do Trabalho e Empreendedorismo, Marciane Sato, afirmou que o Governo do Estado enfrenta dificuldades, mas garantiu que os problemas existentes na Casa do Artesão serão resolvidos.
 
“Enfrentamos dificuldade no que diz respeito à estrutura da Casa do Artesão, e isso já era esperado pois não houve recursos e nem incentivos para a política do artesanato e para os reparos devidos no prédio da casa do artesão nos últimos 4 anos. Diante disso já viabilizamos uma reforma na casa do artesão; entretanto essa reforma não foi possível ser realizada no ano passado por causa da falta de recursos. Acabei de entra em contato com o Secretario da Seinf (Secretaria de Estado de Infraestrutura) e tive a informação que a licitação para a reformase dará ainda nesta sexta-feira. Esses problemas estruturais tão logo serão resolvidos”, prometeu.
 
De acordo com Marciane, o local não está fechado: “A Casa do artesão está em funcionamento, não está fechada, apenas teve o seu horário reduzido em função da limitação da energia elétrica, com o expediente encerrando às 18h. O diálogo com as Associações é permanente, e uma das associações que se relaciona melhor com a direção é justamente a Associação dos Artesãos, mas é importante que se informe que a Casa tem hoje mais de 300 artesãos que diariamente fazem processo de consignação e que usufruem do que o Governo do Estado tem para a política do artesanato, inclusive com carros, incluindo um caminhão que vai buscar o artesanato nos interiores e o trazem para a Casa do Artesão, que não é somente um ponto turístico, mas também é um local de comercialização, e os artesãos sobrevivem daquelas vendas. Por isso, nós damos todo suporte que for necessário para essa política. Hoje a limitação se dá única e exclusivamente na estrutura da do local”, argumentou.
 

Em Nota, a SETE esclarece: 

A Secretaria de Estado do Trabalho e Empreendedorismo (SETE) esclarece que, em comum acordo com os artesãos expositores da Casa do Artesão, o atendimento ao público no prédio foi suspenso nos primeiros dez dias de janeiro deste ano para balanço administrativo das vendas, participação nas feiras e outros eventos locais e nacionais e o planejamento para 2016. Fato que torna improcedente a alegação da Associação dos Artesãos do Estado do Amapá veiculada na manhã desta quinta-feira, 7, em alguns veículos de imprensa, sobre o suposto fechamento do local.
 
Além disso, a Casa do Artesão passará por diversos investimentos, entre eles, reforma geral na estrutura elétrica, hidráulica e telhado. A licitação para os serviços ocorre nesta sexta-feira, 8, às 9h, no prédio da Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinf).
 
Mesmo com os problemas estruturais herdados da gestão anterior, que em quatro anos não fez nenhuma reforma na Casa do Artesão, o atendimento ao público não deixou de ser realizado. Contudo, uma pane no sistema elétrico, provocada pelas por queda de energia, fez com que a Casa do Artesão abrisse as portas das 9h às 18h, aproveitando a luz natural.
 
Com relação à exposição e comercialização de artesanato no Museu Sacaca, a SETE explica que não é de sua competência o gerenciamento das atividades do Museu.


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