Condomínios se adequam para o home office
Quando se fala em home office (trabalho em casa), a primeira coisa que nos vem à cabeça é como conciliar a rotina do escritório em nossos lares.
João Xavier
Especialista em gestão condominial
É fato que a pandemia nos trouxe novos desafios, necessidade de adaptação e inovação. A realidade de muitas empresas e trabalhadores mudou da noite para o dia e tivemos que nos reinventar, para continuar o trabalho que antes era executado em escritórios. Infelizmente, a grande maioria não estava preparado para isso. Quando se fala em home office (trabalho em casa), a primeira coisa que nos vem à cabeça é como conciliar a rotina do escritório em nossos lares.
Nem sempre temos um local específico para reuniões, uma Internet de altíssima velocidade, uma cadeira anatômica e confortável, um computador de alta potência, etc. Às vezes a própria rotina do lar pode atrapalhar a concentração e produtividade, pois temos que conviver com os demais moradores, filhos, esposas, maridos, pets, cada um com sua particularidade. São tantas adequações necessárias para manter a qualidade do serviço e bem-estar do trabalhador, que os condomínios também tiveram que se adaptar.
Temos um longo caminho a percorrer até encontrar o ponto de equilíbrio entre moradores residentes, e os “moradores home office”, que precisam usar as áreas comuns para se adaptar a esta nova realidade, que apesar de não ser tão nova, se intensificou abruptamente durante a pandemia. Realidade esta que não irá retroceder.
Alguns administradores de condomínios já estão disponibilizando e transformando as áreas comuns como salões de festas, salões de jogos, rooftops para esses trabalhadores utilizarem como espaços de coworking (trabalho compartilhado). Mas não é só disponibilizar os espaços, eles devem ser preparados para atender à necessidade desses trabalhadores, começando por disponibilizar uma boa Internet Wi-Fi, orientar sobre uso das proteções individuais como máscaras, uso do álcool em gel, levar sua própria água e/ou alimento, limpar sua cadeira e mesa antes e depois do uso, não compartilhar material de trabalho ou itens pessoais.
Talvez este modelo de trabalho se perpetue nos condomínios, mas se cada um fizer sua parte, moradores e administradores de condomínios, sem dúvida ficarão satisfeitos com o resultado final.
Menos burocracia, discussões mais objetivas e, principalmente, maior participação dos condôminos. Desde que foi aprovada, pelo Congresso Federal, a Lei que permite o voto eletrônico em reuniões de condomínio vem se transformando num elemento facilitador e atraindo grande adesão entre os moradores. O condomínio Vivendas do Araxá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, é um dos que adotou o novo modelo de participação coletiva. Com apenas 10 apartamentos, os moradores conseguiram acertar uma obra de reparo no condomínio. E o fator idade não foi um impeditivo: a maioria dos moradores do Vivendas é idosa e participou com desenvoltura da reunião online. “Elaboramos um passo a passo bem detalhado, com regras bem claras. Para a nossa surpresa, tivemos um quórum maior do que esperávamos, maior que os encontros presenciais. Essa é uma realidade que veio para fica”, diz o coordenador síndico da administradora Cipa, Bruno Gouvêa.
Para o subsíndico do Vivendas do Araxá, José Luiz Oliveira, o uso da tecnologia ajudou a criar uma maior interação entre os moradores. “Alguns moradores, que há anos não participavam da assembleia, passaram a ser mais presentes. A reunião foi mais rápida e direta sobre a questões que afetam nosso condomínio”, ressalta Oliveira.
A expectativa é que lei seja adotada em definitivo, indo além do período da pandemia. “A adoção da assembleia online como algo permanente seria muito bem-vinda. O morador pode participar inclusive quando estiver viajando. A pessoa não precisa passar procuração para ninguém. Pode decidir e votar de qualquer lugar do Brasil e do mundo”, explica Gouvêa.
Deixe seu comentário
Publicidade