“O próprio diagnóstico do Covid já é um complicador”
Em pleno plantão no Centro Covid 2 um psicólogo forense presta informações e ajuda nas reflexões sobre o mês temático “Setembro Amarelo”, de prevenção e combate à pandemia, problema que agrava quadro emocional do paciente
Diário do Amapá – O senhor está atuando em um projeto coordenado pel aprogramação do mês temático d epreenção ao suicídio, mas também tira plantão na estrutura pública de enfrentamento à pandemia?
Iago Natividade – Sim, inclusive estou de plantão agora, aqui no Centro COVID 2, na zona norte de Macapá, uma das unidades de referência no tratamento dos pacientes acometidos por essa doença.
Diário – Fale para os nossos leitores como a psicologia está inserida nessa estratégia conjunta de enfrentamento ao Covid-19 em uma unidade de saúde como essa, doutor?
Iago – Bem, aqui nós trabalhamos a parte digamos comunitária do paciente, pois sabemos que o próprio diagnóstico do Covid já é algo muito difícil para todos nós, pois o próprio tratamento exige que os pacientes fiquem distantes, afastados da própria família, não é? Tem a questão do medo também, além da própria catastrofização do ambiente hospitalar, então o processo do fazer do tratamento o mais humano possível.
Diário – E neste caso tem esse complicador, de administrar também a pressão por parte dos familiares que sequer podem fazer o acompanhamento presencial desses pacientes, não é?
Iago – Sim, nós também fazemos o acompanhamento junto às famílias também, além dos próprios pacientes, tentando deixar o mais confortável possível essa estadia em ambiente de internação.
Diário – Um outro recorte dramático dessa pandemia levou o Ministério Público do Estado a lançar um programa chamado Observatório do Comportamento Suicida na Adolescência, que conta também com a sua participação, como será isso doutor?
Iago – Isso mesmo, tivemos vários outros especialistas convidados também, como o doutor Washington Brandão, que é coordenador geral do Ambulatório de Atenção à Crise Suicida (AMBACS), o que é muito bom termos mais esse projeto que vai ser para a prevenção do comportamento suicida aqui em nosso estado, toda visibilidade ajuda, é mais uma política pública, uma nova postura de prevenção que nós vamos poder ter ao lado do poder público para enfrentamento e combate ao comportamento suicida.
Diário – O próprio setorial de apoio a esse projeto lá no Ministério Público do Estado defende essa questão de que a informação é fundamental para o enfrentamento dessa questão, pois já foi um verdadeiro tabu se falar a respeito, não é?
Iago – Isso mesmo. Eu participo de um grupo de prevenção onde aconteceu uma fala certa vez que me deixou bastante atento, que preconiza o seguinte: toda informação também é prevenção. Então quanto mais conteúdo de qualidade nós tivermos, maior também será a prevenção frente ao comportamento suicida.
Diário – Esse é também o mês temático Setembro Amarelo, voltado a difundir informações a respeito dessa causa, digamos assim, para se ampliar o quanto possa o debate a respeito do problema.
Iago – Perfeito, temos uma colega inclusive que é uma grande referência na prevenção pelo comportamento suicida, a doutora Luana Nunes, que atua na coordenação desse evento. Aliás, gostaria de aproveitar para fazer um convite para o próximo sábado, dia 19, vamos ter uma escuta itinerante na Igreja São Benedito, em Macapá.
Diário – Como será essa programação?
Iago – Será uma manhã e tarde voltada para toda a população que desejar receber atendimento, com a participação de vários psicólogos, uma grande oportunidade realmente.
Diário – Será em que horário exatamente?
Iago – A partir das 8 horas da manhã, até o fim do dia ou quando se esgotarem os atendimentos dos profissionais à população que comparecer.
Diário – Obrigado pela entrevista, bom plantão.
Iago – Eu que agradeço em nome da nossa categoria e de todos os envolvidos na programação deste mês temático. ■
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