Política Nacional

Perpetuar ações emergenciais contra a Covid pode fazer ‘estrago muito grande’ na economia, diz secretário do Tesouro

Bruno Funchal defendeu ‘virada de página’ das ações de combate à pandemia no fim deste ano, com o encerramento das medidas, e a retomada das discussões de reformas estruturantes


O secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal, avaliou que tornar permanentes as ações emergenciais de combate aos efeitos da pandemia do novo coronavírus pode fazer um “estrago muito grande” na economia.

Ele deu a declaração na abertura do Encontro com as Setoriais de Contabilidade do Governo Federal, por meio de videoconferência.

“A gente observa que, historicamente, quando tem alguma crise e se faz algumas ações, e essas crises se perpetuam, ou seja, políticas que eram para ser temporárias, para lidar com um problema temporário como a gente está vendo, se tornam permanentes, o estrago que isso tende a fazer na economia é muito grande”, declarou ele.

O secretário do Tesouro Nacional defendeu o que classificou como uma “virada de página” na política de gastos públicos, retomando em 2021 a contenção de gastos e as discussões das reformas econômicas estruturais. “Esse próximo mês vai definir muita coisa nos próximos cinco, dez anos. É muito importante que a gente discuta, tenha um bom diagnóstico e aponte a direção correta neste momento, porque isso vai influenciar não só a nossa vida, mas a vida de todos os brasileiros. Fazer a virada de página de forma correta, da melhor forma possível”, declarou.

A ala política do governo defende prorrogar auxílio emergencial, mas Bolsonaro ainda não teria decidido sobre o assunto.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que, do ponto de vista do governo, não existe prorrogação do benefício. Além das discussões sobre a prorrogação do auxílio emergencial e da criação de um novo programa social, o governo propõe reformas mais amplas nos gastos públicos, com a PEC da Emergência Fiscal.

 

Dívida pública

Bruno Funchal lembrou que o déficit primário (quando as despesas superam as receitas, sem contar os juros da dívida pública) estava estimado em R$ 120 bilhões para 2020, antes da pandemia. Mas que, lembrou o secretário, o valor deve bater recorde e ultrapassar os R$ 800 bilhões diante da crise sanitária. Assim, a dívida pública, que representava 76% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, deve atingir 96% no fim de 2020, bem acima da média dos demais emergentes.


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