Política Nacional

Senado aprova MP que remaneja verbas do setor elétrico para reduzir tarifas de energia até 2025

Medida já está em vigor, mas perderia validade se não fosse analisada até a próxima terça. Texto permite que recursos que empresas destinariam à pesquisa irriguem fundo setorial


O Senado aprovou uma medida provisória que viabiliza a transferência de recursos para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) – fundo do setor elétrico – com objetivo de reduzir o valor da conta de luz para os consumidores até 2025.

A medida, que está em vigor e perderia a validade na próxima terça-feira (9) caso não fosse analisada no Congresso, segue para sanção do presidente Jair Bolsonaro.

A CDE é abastecida normalmente pelas tarifas de energia. É uma conta usada para, por exemplo, subsidiar descontos na conta de luz de quem faz irrigação ou para consumidores de baixa renda. Também serve para financiar a geração de energia em áreas isoladas.

Hoje, as empresas que prestam serviço público de distribuição de energia são obrigadas por lei a aplicar uma parte das suas receitas em pesquisa e desenvolvimento do setor.

A proposta permite que parte desse dinheiro, reservado à pesquisa, ao desenvolvimento e à inovação, vá para a CDE. A expectativa é de que, adicionando mais uma fonte de recursos à CDE, o fundo não impacte tanto a conta de luz, o que pode reduzir os reajustes.

O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), André Pepitone, afirmou que a aprovação da medida garante as reduções de tarifas em todo o país, sobretudo na região Norte.

“A MP 998 traz mais racionalidade ao setor elétrico, cortando, para futuros empreendimentos, subsídios como o das fontes incentivadas, que hoje custam para todos os consumidores cerca de R$ 4,2 bilhões por ano e cresceriam 1/3 por ano se não fosse a medida”, disse.

O relator da MP no Senado, Marcos Rogério (DEM-RO), ressaltou que os consumidores “reclamam com razão” do alto custo das tarifas de energia.

“É pertinente destinar para o abatimento dos custos da CDE aqueles recursos que as empresas do setor elétrico deveriam alocar em projetos de P, D & I [Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação] e de eficiência energética, mas que não conseguem aplicar no montante total exigido pela legislação”, avaliou.

Rogério apontou que R$ 3,4 bilhões estão travados nas empresas e podem ser aportados na CDE, sem prejudicar a pesquisa e a inovação. Já a Confederação Nacional da Indústria (CNI) informou um valor maior, disse que estariam represados R$ 4,6 bilhões, que podem ir para a CDE com a aprovação da proposta.

O senador Jean Paul Prates (PT-RN) criticou pontos da MP. Para ele, apesar de a medida auxiliar as distribuidoras em relação à perda de faturamento que tiveram, o texto também tira dinheiro da ciência e da tecnologia.


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