Projeto Semear reativa viveiro de sementes florestais no Bailique
A reativação do viveiro florestal comunitário do arquipélago do Bailique, mais precisamente na comunidade do Arraiol, já mobiliza moradores locais.
Entre eles estão Dimauro Cordeiro Lopes, presidente da Associação de Moradores e Produtores Rurais da comunidade, e Diana Lopes, sua companheira de vida e de movimentos sociais. O casal está motivado para participar do Projeto Semear, implementado pela Embrapa Amapá e Ministério do Meio Ambiente tendo como protagonistas os próprios extrativistas. O arquipélago está localizado na foz do rio Amazonas, município de Macapá (AP), é formado por oito ilhas onde residem cerca de dez mil pessoas distribuídas em 51 comunidades “Este projeto é uma grande esperança. Nosso viveiro já tem três anos, mas infelizmente não conseguimos executar nossos planos de assegurar uma produção regular devido à falta de certificação. Vamos trabalhar para que essas questões sejam solucionadas”, afirmou Dimauro Lopes. Outro problema apontado por ele é com relação ao gerenciamento do negócio. Construído em madeira de pracuuba, o viveiro tem capacidade para 20 mil mudas e, na fase inicial, chegou a garantir uma produção diversificada em mudas de açaí, mamão, graviola, cacau, limão, coco, cupuaçu. “O problema é que perdemos uma grande quantidade de mudas devido, também, à falta de comercialização”, acrescentou o líder comunitário.
A pesquisadora Ana Euler, coordenadora do Projeto Semear, explica que será realizado no Arraiol, no próximo mês de março, uma oficina participativa com os moradores envolvidos diretamente no projeto com ênfase na elaboração de um plano de negócios. Esta capacitação será realizada em parceria com o Sebrae Amapá. O Projeto Semear consiste em implementar áreas de coletas de sementes florestais e fomentar a conservação e produção de sementes crioulas, que são as sementes tradicionais, mantidas e selecionadas por várias décadas por agricultores familiares. “São aquelas sementes tradicionalmente utilizadas pelas comunidades e que o agricultor reserva, de uma parte da colheita, para poder plantar na próxima safra”, acrescentou. “Às vezes, o produtor se preocupa muito em produzir e depois não consegue vender, é comum isso nas zonas rurais do Brasil inteiro”, acrescentou Ana Euler. Outra ação do projeto é o intercâmbio de conhecimentos e experiências, inicialmente está definida uma visita técnica de moradores do Arraiol às instalações da Rede de Sementes do Xingu, no Mato Grosso, que envolve a integração e força produtiva de indígenas, agricultores familiares, ribeirinhos, totalizando mais de 600 produtores rurais fazem parte da rede que produz e vende sementes para projetos de reflorestamento. O Projeto Semear foi articulado no contexto das discussões entre os moradores das comunidades do Bailique, viabilizadas pelo Projeto do Protocolo Comunitário, coordenado pela Rede Grupo de Trabalho Amazônico (GTA) em parceria com várias instituições governamentais e não-governamentais, com o objetivo de apoiar a população do arquipélago nas ações de acesso às políticas públicas de desenvolvimento sustentável.
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