Educação de Gênero é tema da Jornada Pedagógica Internacional
Em mais um dia de discussões na I Jornada Pedagógica Internacional, realizada pela Secretaria Municipal de Educação (Semed), a plateia lotou o auditório do Sebrae para assistir aos debates da mesa redonda Educação de Gênero: conquistas e desafios, com os professores Antônio Carlos Sardinha (Unifap) e Ivon Souza Cardoso (Depi/Semast), que teve como mediadora a presidente do Conselho Estadual de Educação, professora Eunice de Paulo.
A mediadora relembrou a polêmica gerada com instituições religiosas, em junho do ano passado, no ato da aprovação do Plano Municipal, que reverberou sobre a questão do gênero e reafirmou a necessidade da escola trabalhar de forma a mudar a realidade de exclusão que se vive na atualidade, promovendo uma sociedade mais igualitária, sem preconceito e discriminação.
Em seguida, Ivon Cardoso abordou a temática refletindo sobre o que se compreende como gênero (masculino e feminino) e ressaltando que cabe aos educadores desmistificar essa ideia, lembrando que ser homem e ser mulher é um aprendizado. O palestrante esclareceu que a identidade de gênero refere-se à maneira como alguém se sente e apresenta para si e para os demais como homem ou mulher, ou mesclando-se em ambos, independentemente do sexo biológico.
Ivon falou ainda de aspectos relacionados à política pública de direitos humanos LGBT – um conjunto de políticas que apresentam planos, programas de iniciativa diversa em prol da cidadania de grupos historicamente excluídos: gays, lésbicas, travestis, bissexuais e transexuais. “São muitos os desafios: do estado que se diz laico, mas não garante direitos de fato, da falta de diálogo e das políticas direcionadas à população LGBT que ainda não são prioridades para os poderes executivos”.
O professor Antônio Carlos iniciou suas abordagens acerca da diversidade e questão de gênero, falando sobre os discursos sociais que influenciam para a discriminação e argumentando que a escola não busca meios de modificar tais discursos, que, muitas vezes, acabam por contribuir para uma sociedade ainda mais excludente. Para ele, o papel do professor é fundamental nesse processo de discussão, problematizando, conceituando politicamente e dando materialidade a uma questão que precisa ser dialogada, socializada e repensada como forma de diminuir as desigualdades sociais.
“Se a escola produz um discurso, o sujeito vai reproduzi-lo socialmente. A escola enquanto instituição opera com dispositivos que reproduzem as diferenças. O Projeto Político Pedagógico e o Plano Municipal de Educação são luzes que se abrem para discussões acerca do gênero e os professores são pessoas intelectualizadas que devem travar essas discussões em sala”, disse Antônio Carlos Sardinha.
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