Política Nacional

Ex-ministro da Saúde, Pazuello é transferido para cargo na Secretaria-Geral do Exército

Gestão de Pazuello na Saúde foi marcada por defesa de remédio sem eficácia contra Covid e recordes de mortes. Para Mourão, transferência é feita quando o ‘camarada’ não tem ‘função específica’.


Foto: Adriano Machado/Reuters

O presidente Jair Bolsonaro transferiu nesta sexta-feira (23) o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, da 12ª Região Militar para um cargo na Secretaria-Geral do Exército. O ato foi publicado no “Diário Oficial da União”.

 

Entre outras funções, cabe à Secretaria-Geral preparar as reuniões do Alto Comando do Exército; conduzir o processo de concessão de medalhas; regular o Cerimonial Militar; assessorar o comandante do Exército.

 

Questionado nesta sexta sobre a transferência, o vice-presidente Hamilton Mourão respondeu: “O camarada, quando não tem função específica, fica adido. Então, a Secretaria-Geral é um órgão subordinado diretamente ao comandante, então, ele fica adido à Secretaria para receber missões eventuais do comandante. Agora no mês de julho tem promoções no Exército e movimentação de general. Aí, provavelmente, o Pazuello será movimentado para algum lugar”.

 

Eduardo Pazuello ficou dez meses à frente do Ministério da Saúde (maio de 2020 a março de 2021), e deixou a pasta no, até então, pior momento da pandemia, com recordes sucessivos de mortes por Covid e expansão da doença em todo o Brasil.

 

A gestão de Pazuello foi marcada por apoio ao uso da cloroquina, crise de abastecimento de medicamentos e oxigênio e mudanças de discurso sobre tratamento precoce contra a Covid.

 

Embora os estudos científicos mostrem que a cloroquina não tem eficácia contra a doença, Bolsonaro também defende o uso do medicamento.

 

Investigações

Um inquérito chegou a ser aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR), para investigar a condução de Pazuello na crise de saúde que atingiu o Amazonas. O inquérito atualmente tramita na primeira instância do Distrito Federal.

 

No Congresso Nacional, foi criada uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar possíveis omissões do governo federal na gestão da pandemia. A chamada CPI da Covid já foi criada e deve ser instalada na próxima semana.

 

Nesta quinta (22), em entrevista à GloboNews, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), cotado para ser o relator, defendeu que a CPI inicie os trabalhos apurando se o governo federal negligenciou a compra de vacinas contra a Covid. Na opinião do parlamentar, Pazuello fez um trabalho “horroroso” no ministério.

 

Em uma entrevista à revista “Veja”, o ex-secretário de Comunicação do governo Fábio Wajngarten afirmou que o atraso do governo na aquisição de vacinas foi motivado por “incompetência” e “ineficiência” do Ministério da Saúde.

 

Ex-secretário-executivo de Pazuello

O “Diário Oficial da União” também publicou nesta sexta-feira (23) a nomeação de Élcio Franco, ex-secretário-executivo de Pazuello, no cargo de assessor especial da Casa Civil.

 

A pasta é atualmente chefiada pelo ministro Luiz Eduardo Ramos, general da reserva do Exército.

 

Ramos comandava a Secretaria de Governo antes de assumir a Casa Civil, em 30 de março.


Deixe seu comentário


Publicidade