Em seis horas de depoimento, nelson Teich expõe à CPI, divergências com Bolsonaro
Ex-ministro da Saúde ficou 28 dias no cargo ee foi o segundo a depor na comissão. Teich falou sobre medicamentos ineficazes e os motivos pelos quais saiu do governo
O ex-ministro da Saúde Nelson Teich foi o segundo ex-integrante do governo Jair Bolsonaro a depor à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid.
Em seis horas de depoimento nesta quarta-feira (5), o oncologista explicou os motivos pelos quais pediu demissão, falou sobre a recomendação pelo governo de medicamentos ineficazes contra o coronavírus e a falta de uma política de distanciamento social; e fez avaliações sobre a condução da pandemia pelo Executivo.
O depoimento se iniciou às 10h23 e terminou às 16h36. Durante a sessão, o ex-ministro respondeu a questionamentos de diversos senadores, aliados do governo e de oposição.
Inicialmente, o comparecimento de Nelson Teich estava previsto para esta terça-feira (4) após a participação do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, primeiro ex-integrante do governo Bolsonaro a depor na CPI. Na quarta, seria a vez do general Eduardo Pazuello, terceiro ministro da Saúde no governo Bolsonaro, nome mais aguardado pela comissão.
O comparecimento do militar à comissão, contudo, foi remarcado para o próximo dia 19. Isso porque Pazuello informou ter tido contato recente com pessoas que contraíram a Covid-19. Durante depoimento nesta quarta-feira, Nelson Teich disse que:
– pediu demissão do cargo diante do desejo do governo de “ampliação do uso da cloroquina”;
– a produção de cloroquina por instituições públicas foi um “assunto que não chegou” até ele;
– a orientação do governo sobre uso do medicamento ineficaz e a falta de autonomia o levaram a pedir demissão do cargo;
– foi contrário à distribuição de cloroquina para comunidades indígenas;
– seria mais adequado o governo ter um ministro com “conhecimento maior” em saúde que o de Pazuello para sucedê-lo;
– tem posições diferentes das de Bolsonaro em relação a medidas de distanciamento e isolamento social;
– a falta de informação agravou a crise da Covid no Amazonas;
– existia “desejo” por parte do presidente de recomendação de cloroquina contra o coronavírus;
– o uso de cloroquina foi discutido em uma reunião com o Conselho Federal de Medicina no Palácio do Planalto;
– a tese de “imunidade de rebanho” é um “erro”.
Nesta quinta-feira (6), a CPI da Covid volta a se reunir. Serão ouvidos o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres.
De Queiroga, os senadores vão cobrar informações sobre a compra de vacinas e sobre a elaboração de protocolos de enfrentamento à Covid-19.
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