Política Nacional

Na CPI, ernesto Araújo atribui à Saúde decisões sobre cloroquina e vacina e nega preconceito contra China

Ex-ministro das Relações Exteriores falou por cerca de sete horas. Integrantes da CPI entendem que ele comprometeu ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que depôs na quarta (19)


O ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo, atribuiu ao Ministério da Saúde uma série de decisões relativas ao enfrentamento da pandemia nas quais o Itamaraty esteve envolvido.

Araújo depôs durante cerca de sete horas à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid que investiga ações e omissões do governo federal no enfrentamento da doença e eventuais desvios de verbas federais nos estados e municípios.

Entre as decisões que atribuiu ao Ministério da Saúde, Araújo citou a mobilização pela aquisição de cloroquina, remédio cuja ineficácia no tratamento da Covid foi cientificamente comprovada, e a negociação de um pequeno quantitativo de doses de vacina por meio do consórcio Covax Facility. O ex-chanceler também negou “atrito” com a China e disse que não houve retaliações do país asiático ao Brasil (leia mais abaixo).

Araújo compareceu à CPI na véspera do depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, marcado para esta quarta (19). Pazuello foi o ministro da Saúde mais longevo do governo Jair Bolsonaro durante a pandemia – esteve à frente da pasta entre maio de 2020 e março de 2021, período em que houve o recrudescimento da doença no país.

Logo na fala inicial, Ernesto Araújo destacou que, em relação à Covid-19, o Itamaraty atuou em coordenação com outras pastas. “Nesse caso, muito especialmente, o Ministério da Saúde”, disse.

Após as declarações do ministro, senadores de oposição afirmaram que o depoimento será usado para questionar Pazuello.

“Vou fazer uma interpretação aqui do que aconteceu: primeiro, o grande responsável por tudo se chama Pazuello, que estará aqui amanhã. Ninguém fez nada neste governo. ‘Foi o Pazuello’, ‘foi o ministro da Saúde’. Amanhã [quarta-feira, 19], ele vai ter que responder”, disse o senador Humberto Costa (PT-PE).

O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues declarou que a oitiva “compromete gravemente a participação, amanhã, do senhor Eduardo Pazuello”.

Segundo o relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), Araújo “carregou” no Ministério da Saúde. “Ele, sistematicamente, enfatizou que todas as iniciativas da política externa aconteceram em função de decisões e influência do Ministério da Saúde — à exceção da importação da cloroquina, porque ele havia falado com o presidente, e da viagem a Israel. Ao dizer isso, ele transfere o ônus da responsabilidade para o Ministério da Saúde e para o ex-ministro Pazuello, diretamente”, afirmou o emedebista.

Apesar de Pazuello ter conquistado o direito de não se autoincriminar perante a CPI, Renan afirmou que os depoimentos já realizados deveriam “estimulá-lo” a colaborar.


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