Deputado do AM apresenta conclusões de CPI local, discute com Aziz e ouve que terá sigilo quebrado
Fausto Junior (MDB-AM) relatou CPI da Saúde na Assembleia do AM e foi cobrado nesta terça porque, para os senadores, poupou governador. Disputas locais dominaram audiência
O deputado estadual Fausto Junior (MDB-AM), relator da CPI que funcionou na Assembleia Legislativa do Amazonas em 2020, foi ouvido nesta terça-feira (29) pela CPI da Covid.
Em mais de cinco horas de depoimento:
– apresentou as irregularidades constatadas pela comissão estadual no ano passado;
– foi acusado de ter poupado o governador, Wilson Lima (PSC);
– discutiu com o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), e ouviu de Aziz que terá o sigilo quebrado.
Aziz foi governador do AM entre 2010 e 2014. O relator da CPI estadual afirmou que as investigações apuraram ações entre 2011 e 2020 e que Aziz deveria ter sido indiciado pelo colegiado, o que provocou a reação do senador e bate-boca entre os dois.
Com a discussão entre Aziz e Fausto Junior, o depoimento desta terça foi voltado principalmente a disputas políticas locais e a informações de casos já conhecidos, como as denúncias no Amazonas. Ao fim da sessão, o presidente da CPI disse que vai quebrar o sigilo de Fausto Junior. O deputado, por outro lado, disse que foi atacado pelos senadores.
A CPI da qual Fausto Junior foi relator funcionou entre maio e setembro de 2020. Ao final dos trabalhos, pediu o indiciamento de 50 gestores e servidores estaduais, apontou 17 crimes e possíveis irregularidades em R$ 1,5 bilhão.
O relatório foi encaminhado para a Polícia Federal, que investiga irregularidades na saúde no estado por meio da Operação Sangria.
O documento final da CPI da Saúde não incluiu a responsabilização do governador do Amazonas. A ausência do gestor no relatório foi um dos principais questionamentos dos senadores, da base e da oposição, nesta terça. Wilson Lima é investigado por supostas irregularidades na construção de um hospital de campanha durante a pandemia.
O deputado, porém, disse que o documento refletia a posição de todo o colegiado e limitou-se a dizer que Lima foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) com base nas investigações iniciadas na comissão.
‘O senhor se comporte’
Diante da pressão dos senadores por não ter pedido a investigação do governador, o deputado ressaltou que a CPI investigou fatos entre 2011 e 2020, e não apenas durante a pandemia, e disse que o relatório não foi construído só por ele, mas sim por todos os membros da comissão.
“O certo era para ser indiciado, inclusive, o ex-governador Omar Aziz, pela gestão dele na saúde. Inclusive o ex-governador Omar Aziz, e não somente o governador Wilson Lima. Todos têm participação”, respondeu Fausto Junior. Ele também acusou Aziz de pagar R$ 50 milhões em processos “absolutamente irregulares”.
“Não fui eu, não, quem pagou. Só um minutinho. Não, o senhor não veio aqui para me acusar”, rebateu Aziz.
“O senhor está aqui como testemunha e o senhor se comporte”, continuou. O presidente da CPI ressaltou que as contas de seu governo foram aprovadas pelo tribunal de contas do estado e que ele não era o ordenador de despesas.
Ao longo de todo o depoimento, houve troca de farpas entre o depoente e o presidente da CPI. Omar Aziz disse que “no final vocês vão ver quem é quem”, e o deputado estadual disse estar sendo ameaçado.
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