Café da manhã comemora o Dia Nacional do Sistema Braile
Evento acontece nesta sexta-feira, 08, na sede da Associação dos Cegos e Amblíopes do Amapá, no bairro Buritizal
A Associação dos Cegos e Amblíopes do Amapá comemora nesta sexta-feira, 08, o Dia Nacional do Sistema Braile. O evento acontece na sede da entidade, na Rua Tiago Flexa, bairro Buritizal (Zona Sul de Macapá). Conforme explicou o presidente da associação, João de Deus, no programa LuizMeloEntrevista (DiárioFM 90.9) na manhã desta sexta-feira, a data tem um significado muito especial, porque o sistema Braile “abriu as portas para que os deficientes visuais pudessem ter acesso a uma educação de qualidade”.
Questionado sobre a diferença entre cegos e amblíopes, o professor de educação especial Jandoval Farias da Costa, que é representante da Região Norte na Comissão Brasileira de Braile, explicou que o cego não enxerga absolutamente nada, enquanto que o amblíope, como ele, possui visão reduzida. “Quando foi criado há 200 anos, o sistema braile passou a ser utilizado pelo cego e pelo ambrilque, porque ambas as deficiências eram tratadas de forma igual; e isso contribuiu muito na construção da escolaridade dos deficientes visuais”, ressaltou.
O sistema braile
O sistema Braille é um processo de escrita e leitura baseado em 64 símbolos em relevo, resultantes da combinação de até seis pontos dispostos em duas colunas de três pontos cada. Pode-se fazer a representação tanto de letras, como algarismos e sinais de pontuação. Ele é utilizado por pessoas cegas ou com baixa visão, e a leitura é feita da esquerda para a direita, ao toque de uma ou duas mãos ao mesmo tempo.
O código foi criado pelo francês Louis Braille (1809 – 1852), que perdeu a visão aos 3 anos e criou o sistema aos 16. Ele teve o olho perfurado por uma ferramenta na oficina do pai, que trabalhava com couro. Após o incidente, o menino teve uma infecção grave, resultando em cegueira nos dois olhos.
O Brasil conhece o sistema desde 1854, data da inauguração do Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro, chamado, à época, Imperial Instituto dos Meninos Cegos. Fundado por D. Pedro II, o instituto já tinha como missão a educação e profissionalização das pessoas com deficiência visual. “O Brasil foi o primeiro país da América Latina a adotar o sistema, trazido por José Álvares de Azevedo, jovem cego que teve contato com o Braille em Paris”, conta a pedagoga Maria Cristina Nassif, especialista no ensino para deficiente visual da Fundação Dorina Nowill.
O código Braille não foi a primeira iniciativa que permitia a leitura por cegos. Havia métodos com inscrições em alto-relevo, normalmente feito por letras costuradas em papel, que eram muito grandes e pouco práticos. Quatro anos antes de criar seu método, Louis Braille teve contato com um capitão da artilharia francesa que havia desenvolvido um sistema de escrita noturna, para facilitar a comunicação secreta entre soldados, já utilizando pontos em relevo. Braille simplificou esse trabalho e o aprimorou, permitindo que o sistema fosse também utilizado para números e símbolos musicais.
O Braille hoje já está difundido pelo mundo todo e, segundo pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, de 2008, do Instituto Pró-Livro, 400 mil pessoas leem Braille no Brasil. Não é possível, segundo o Instituto Dorina Nowill, calcular em porcentagem o que esses leitores representam em relação à quantidade total de deficientes visuais no país. Isso porque o censo do ano 2000, realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), aponta que há 169 mil pessoas cegas e 2,5 milhões de pessoas com baixa visão. No entanto, este último grupo é muito heterogêneo – há aqueles que enxergam apenas 1% e, portanto, poderiam ler apenas em Braille, como pessoas que enxergam 30% e podem utilizar livros com letras maiores.
A falta de informação é ainda o principal problema que Maria Cristina percebe em relação ao Braille. “Muitos professores acham que é simples ensinar o Braille a um aluno cego. No entanto, a alfabetização com esse sistema tem suas especificidades, e o professor, para realizar essa tarefa com êxito, tem de buscar ajuda”, explica a especialista.
Hoje institutos como o Benjamin Constant, o Dorina Nowill e muitos outros pelo país oferecem programas de capacitação em Braille e dispõem de vasto material sobre o assunto.
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