Quando o motorista soube do destino da corrida, fez expressão de assustado, olhou para trás e, com olhos de preocupação, fez pergunta como se fosse pai preocupado:
– Bengui? Você tem certeza?
Não havia jeito. Para conhecer as origens de Yago Pikachu, o principal reforço do Vasco no ano, apesar do início tímido, era preciso visitar um dos bairros mais famosos – pela violência, a ponto de ser chamado de “Faixa de Gaza” – de Belém, a capital do Pará. Nesta semana, o pequeno Glaybson, ainda dando seus primeiros passos nas selvas do Rio de Janeiro e de São Januário, voltará ao lugar em que foi gigante por quatro anos: o Mangueirão. Momento ideal para impressionar Jorginho e ganhar mais espaço no elenco.
Yago ainda não sabe se poderá visitar a casa dos pais no Bengui, onde morou até o ano passado. O Vasco chega a Belém na segunda-feira e joga na quarta contra o Remo, pela Copa do Brasil. Talvez não haja tempo para ir ao antigo bairro, rever velhas amizades, fiscalizar o projeto social que mantém e visitar a loja com seus produtos oficiais, que vende desde canecas com escudo do atual clube até chinelos do Paysandu e do rival Remo.
– Os torcedores do Remo pediam algo com o Yago, contou José, um dos vendedores da loja.
Até ter uma marca própria de produtos, Pikachu começou a trajetória nas ruas simples e estreitas do Bengui. O bairro virou sinônimo de perigo, mas a caminhada da reportagem foi tranquila. O local ainda tem o ar de antigos celeiros de craques, com crianças brincando descalças na rua, pequenos comércios e vizinhos que realmente se conhecem – algo raro nas grandes metrópoles do Brasil.
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