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Ulisses Laurindo – Jornalista (Articulista)

Três mestres da educação

  

Diariamente, desperta em cada cidadão brasileiro a vontade de participar na melhoria do ensino no país em relação a currículo e fundamentos no conjunto de medidas comuns para tornar uma sociedade igualitária como resposta aos que desprezam o ensino como arma efetiva na busca de progresso social. 

A filosofia de um sistema educacional continua como assunto de pedagogos modernos, nem sempre voltados para o legado de mestres do passado, cujas vozes pouco foram ouvidas e capazes de transformar o Brasil em potência maior do que já é, projetando investimentos tecnológicos e valorização dos professores.


 

As ideias e ações herdadas dos educadores Darci Ribeiro, Paulo Freire e Rubem Alves, esse falecido neste ano de 2014, para quem a filosofia norteia a “provocar uma reflexão que suscite mudanças significativas em favor de uma educação verdadeira, edificante, que preserve na criança, no ser humano, a capacidade de sonhar, de criar, de transformar, de se realizar”.

 

Rubem Alves, mineiro de Boa Esperança, publicou diversas obras sobre educação, visando o aprimoramento do povo. No livro “Ao professor com meu carinho”, manifesta inquietação quanto à educação, tema de outra publicação “Conversas sobre educação”, em que destaca o sonho de formar um povo sonhador e promover a construção de um país.

 

Darci Ribeiro, um ano mais novo que Paulo Freire, batalhou também por um universo estudantil à altura da envergadura do Brasil. Nas peregrinações, na qualidade de político, primou por uma educação universal no país, sendo o mentor pedagógico dos centros integrados de educação pública (Cieps), modelo hoje defendido por alguns políticos, diferente das opiniões da época, quando todos viraram as costas, alegando populismo, sem entender o benifício para a juventude brasileira, no sentido de integração e do nascimento de futura personalidade.

 

Darci foi antropólogo, escritor e político, conhecido pela sua luta pela educação. Ele deixou uma joia de pensamento: “Tentei fazer o Brasil se desenvolver automaticamente, mas fracassei. Os meus fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu”.

Mestres que na sua época enxergaram os caminhos da educação no Brasil, formando planos e ideias, hoje ainda reticentes na política educacional, sem a valorização dos professores e investimentos em tecnologia e inovação. Darci disse que as derrotas foram suas vitórias. Melhor recado não poderia ser dado.

 

Paulo Freire nasceu em setembro de 1921, um ano antes de Darci Ribeiro, e é considerado o mais influente educador brasileiro. Publicou infinidade de livros dedicados à educação, entre eles “Pedagogia do oprimido” e “Política e educação”, onde traça as linhas da evolução para uma sociedade, anotando que “se a educação sozinha não pode transformar a sociedade, tampouco sem ela a sociedade muda”. Paulo Freire, exilado político, ministrou aulas em Harvard e na Suíça.

 

Em 1944. Publicou “Alegria de Ensinar”, definindo ser o ensinar um exercício de maturidade . “De alguma forma, escreveu, continuamos, a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia dessa palavra. Professor, assim, não morre jamais”. Os temas da época de Paulo Freire continuam desafiando as mentes dos educadores modernos, mas não atingidas.


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