Diário Política

Em tom de despedida, jornalista Ana Girlene se licencia do rádio e lança pré-candidatura a deputada federal

Comunicadora de 43 anos concede entrevista ao programa LuizMeloEntrevista em que relembra trajetória desde os movimentos estudantis e as bandeiras que vai empunhar na campanha.


Cleber Barbosa
Da Redação

 

As mulheres estão buscando cada vez mais espaço na política; é o caso da jornalista Ana Girlene, conhecida no radiojornalismo amapaense por comandar há mais de uma década o programa Café com Notícia, criado em 2007, ao lado da amiga de faculdade e jornalista Márcia Corrêa. Nesta quinta-feira (30), ela concedeu entrevista ao programa LuizMeloEntrevista, na rádio Diário FM (90,9), quando deu mais detalhes da carreira e da trajetória que pretende trilhar caso seja eleita deputada federal em 3 de outubro deste ano.

 

Durante essa trajetória no rádio, Ana Girlene ganhou credibilidade, conquistou vários prêmios pelo jornalismo ético e democrático que sempre praticou.  Entrevistou milhares de pessoas e foi mediadora de debates históricos no rádio amapaense, como o primeiro debate para candidatos a prefeito de Macapá e entre os candidatos ao Senado.

 

Ela confirmou que é pré-candidata a uma vaga no Legislativo Federal pelo Partido Verde (PV), integrante da Federação com Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Ana Girlene, que também é polícia civil, nasceu em Macapá (1978), mas cresceu em Monte Dourado (PA), pois seu pai José carlos (in memorian, veio do interior de Minas Gerais para trabalhar na Jari Celulose (Monte Dourado -PA).

 

Lutas sociais

Por lá, percebeu que o sistema de apoio aos funcionários da empresa era muito forte; todos tinham acesso a escola, saúde, esporte e lazer. Por outro lado, viu crescer, às margens do Rio Jari, uma cidade marcada pela pobreza, exclusão e desigualdade, mais conhecida como “Beiradão” (Laranjal do Jari – AP). Experiência semelhante vivenciou nos anos de adolescência em que morou em Santana, na Vila Amazonas. Novamente viu dois mundos completamente diferentes. Um repleto de privilégios para os trabalhadores da Amcel e Icomi e a discrepância enorme com a realidade do entorno.

 

Movimento estudantil

Aos 16 anos, com a morte precoce do pai, vem morar em Macapá, no bairro do Trem. Fez o ensino médio no CCA – Escola Gabriel de Almeida Café e lá inicia sua vida no movimento estudantil, dividindo o tempo entre as plenárias nas escolas e passeatas com os treinos de voleibol, outra paixão em sua vida. A vocação pelo movimento estudantil venceu.

 

“Lembro que meu primeiro protesto foi em frente ao CCA, quando me impediram de entrar na escola porque eu estava com uma calca jeans preta (era obrigatória a cor azul) e, desse pequeno movimento, acabei dando uma entrevista para a TV Amapá e, não demorou muito tempo, já estava em campanha pela presidência do grêmio estudantil da minha escola”, relembra.

 

Empreender

Ana entrou para o movimento estudantil secundarista no início da década de 90; foi secretária-geral da UECSA e fundadora/presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas (UMES). Ganhou destaque na luta por um transporte coletivo de qualidade, redução da tarifa de ónibus, meia passagem e passe livre para os estudantes; rico período em que conviveu com muitos dirigentes estudantis, sindicalistas e grupos políticos de juventude. Sua desenvoltura e a habilidade em conversar acabou a destacando entre os militantes. Na Faculdade de jornalismo fundou e coordenou o primeiro Centro Acadêmico de Comunicação da Faculdade Seama.

 

Carreira

Nesse percurso, fez concurso para Policia Civil e especialização em Políticas Públicas de Segurança Pública; trabalhou na Delegacia do Zerão, na DEIAI e Delegacia Geral. Passou os últimos anos atuando como assessora técnica do Ministério Público do Amapá. “Chega uma hora que precisamos fazer nossa parte, dar a cara a tapa, entrar no centro do palco da vida e se arriscar. Se temos um bom propósito e buscamos causas coletivas, esse esforço vale a pena. Para fazermos as mudanças que sonhamos, também precisamos ocupar os espaços de poder. As mulheres precisam participar e se disponibilizar a enfrentar esse processo difícil e, em muitos casos, tão perverso, que é a política. Dá medo, sim, mas a vontade de dar a minha contribuição é maior. Aceitei o convite e o estímulo de tantos amigos e pessoas que enxergam em mim esse potencial”, reforça a jornalista.


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