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O gênio Orson Welles

 

O filme Cidadão Kane foi exibido em 1941, quando Welles tinha menos de 25 anos de idade, e nesses 74 anos permanece como obra singular aceita por muitos como sendo o maior tributo ao cinema em todos os tempos.


Ulisses Laurindo – jornalista
Articulista

ilhões de pessoas no mundo inteiro convivem com o pensamento das obras dos gênios que povoam a humanidade, lembrando diariamente dos mestres das criações humanas. Milhões desses sublimes gênios, contudo, são considerados iguais, pois na grandeza se equivalem em suas obras que emolduram o eterno dos seres na terra.

São reconhecidas as lições de Platão, Aristóteles, Da Vinci, Descartes, Michelangelo, Copérnico, Beethoven, Newton, Jesus Cristo, Karl Marx, Santos Dumont, Niemeyer, Shakespeare e Sócrates, com espaços reservados para outras centenas e milhares de nomes que tornaram a vida das pessoas mais alegre.

O gênio não se faz por decreto ou por simples vontade, mas sim como produto das ontológicas concepções no campo do heliocentrismo, as leis da relatividade e da gravidade, das pinturas, das metrópoles, das artes e de outras concepções soberbas desde longínquas eras e preservadas para outras tantas.

Disse que o gênio não se faz por decreto, mas pelo valor das obras. No século 20, o cineasta norte-americano Orson Welles (1915/1985), cujo centenário de nascimento ocorreu no dia 15 de outubro passado, pode, sem favor, figurar ao lado dos grandes gênios da humanidade.

Welles inscreveu seu nome entre os grandes com a realização do filme Cidadão Kane, obra que o deixa ao nível de outros mestres em todas as áreas.

O filme Cidadão Kane foi exibido em 1941, quando Welles tinha menos de 25 anos de idade, e nesses 74 anos permanece como obra singular aceita por muitos como sendo o maior tributo ao cinema em todos os tempos.

O filme conta a história do magnata William Randolf Hearst, proprietário de um império jornalístico de 28 jornais e 18 revistas nos Estados Unidos e que, apesar de tanto poder, terminou recluso, infeliz e sozinho em sua mansão.

Orson Welles tinha problema com a censura do seu país, devido aos seus passos criativos. Num programa radiofônico, provocou pânico e histeria no povo quando simulou o avanço de extraterrestres na terra, extraindo esse lado da obra de H.G. Welles.

Cidadão Kane narra o conflito de Hearst e sua infelicidade. Welles escreveu o roteiro, dirigiu as cenas e foi o personagem principal com o nome de Charles Foster Kane. Naquele ano foi indicado para nove prêmios do Oscar, ganhando os principais, de melhor filme, diretor e ator. Avaliando o filme em 1998, a empresa American Film classificou Cidadão Kane como o maior de todos os tempos

A genialidade de Orson Welles não é só enaltecida por Cidadão Kane, como também por personagens shakesperianos, encarnando Otelo e Macbeth. A cena final de Cidadão Kane, decorrido tantos anos, ainda dura como um enigma sobre a palavra Rosebud, na cena final. Houve livro tratando de descobrir o que quis dizer Hearst. O que se especula é sobre o delírio e a tristeza de um homem quase dono do mundo, mas com vida pessoal extremamente ruim, inclusive com problemas conjugais.

A descoberta mais próxima do significado da palavra é a ideia de que Hearst tenha lembrado do tempo de criança, quando brincava com um trenó onde tinha a palavra Rosebud. Essa é a conclusão mais próxima dos cinéfilos, de que, nessa fase da vida, ele era feliz.


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