Duas frases de Messi enquanto transitava pela zona mista e atendia aos jornalistas dão o tom: “esse ambiente não é para mim” e “pelo bem de todos, por mim e por muita gente que deseja isso”. O melhor jogador do mundo estava justificando a sua renúncia à seleção argentina após o quarto vice-campeonato – três de maneira consecutiva, o último com influência direta sua ao desperdiçar um pênalti na decisão da Copa América Centenário contra o Chile, no último domingo.
Pela maneira que agiu publicamente desde a última quinta-feira, com um post no Instagram abrindo novas feridas na AFA (Associação de Futebol Argentino) e uma entrevista coletiva um tanto quanto esclarecedora no dia seguinte, o camisa 10 parecia estar bastante consciente sobre o que dizia. E isto pode acarretar em diversos desdobramentos para uma Argentina de terra completamente arrasada.
A AFA atravessa um período de profunda crise institucional e será administrada por uma comissão reguladora da Fifa até as eleições em junho de 2017. Preso no avião em Houston, Messi representou o elenco, foi o líder que resolveu enfrentar as consequências de um desabafo público – talvez por ter o peso que tem. O descontentamento é geral e passa também pelo técnico Tata Martino, que não recebe salário há oito meses.
Na sexta-feira, a dois dias da final, Messi prometeu explicar após a final o que o motivou a se referir à AFA como um desastre. As duas declarações passaram batidas diante de algo muito mais urgente (o próprio anúncio), mas basta ligar os pontos para perceber que sua aposentadoria internacional precoce, ainda aos 29 anos, pode ter sido amadurecida nos últimos meses e semanas – e não no calor de um vestiário.
O maior ídolo não ajudou. Pego pelo microfone aberto, Diego Maradona afirmou a Pelé que faltava liderança a Messi, o dono da braçadeira. Há poucos dias, afirmou num programa de TV argentino que “se não ganharem, que nem voltem ao país”. Pôs mais lenha numa fogueira de labaredas.
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