Política Nacional

Relator na CCJ não vai ceder a pressões e nega vínculo com Cunha

Deputado Ronaldo Fonseca irá relatar recurso de presidente afastado.
Cunha recorreu contra o parecer do Conselho de Ética pela sua cassação.


Recém-escolhido para a relatoria na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do recurso do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o deputado Ronaldo Fonseca (PROS-DF) disse nesta segunda-feira (27) ao G1 que não cederá a pressões e negou ser aliado do peemedebista.

Caberá à Fonseca elaborar um parecer sobre o recurso apresentado pela defesa de Cunha contra o parecer do Conselho de Ética que pede a cassação do seu mandato parlamentar.

A indicação do nome dele para a tarefa foi anunciada na noite desta segunda pelo presidente da CCJ, Osmar Serraglio (PMDB-PR). Ele justificou a escolha argumentando que não podia escolher ninguém que fosse do mesmo estado (Rio de Janeiro), partido ou bloco do representado, além de não poder ser do Conselho de Ética.

“Pretendo fazer um relatório bastante técnico e bastante imparcial”, afirmou. Ele reconheceu que haverá pressão, mas que espera fazer um parecer em que haja a convergência de “justiça” e “verdade” e ressaltou que não irá se manifestar sobre o mérito.

“Pressão vai existir, eu acho normal. Eu espero que eu não ceda a pressões nem de um lado nem de outro e que eu consiga fazer um relatório que venha convergir com a justiça, com a verdade. Embora eu não vá opinar sobre mérito, é sobre procedimento, é ver até onde o procedimento ficou viciado. Não é questão de mérito, não pretendo entrar no mérito se Eduardo Cunha é culpado ou inocente”, frisou.

Fonseca disse ainda que não leu o recurso de 64 páginas e que irá se reunir na manhã desta terça (28) com Serraglio para se inteirar do caso. Sobre o prazo de cinco dias úteis que começou a contar a partir desta segunda-feira para que apresente o seu relatório, Fonseca ponderou que tentará fazê-lo o mais rápido possível.

“Não sei se em uma semana eu consigo fazer o parecer, mas vou procurar o mais rápido possível”, declarou, acrescentando o país não “aguenta mais” esse assunto.

“Eu sei que é um assunto muito delicado, difícil, o Brasil já não aguenta mais, a gente tem que pôr um fim logo. Entendo tudo isso. Agora, vivemos num estado de direito, o Eduardo Cunha está no seu direito de recursar, que é regimental e constitucional”, disse.

Ele negou ainda ser aliado do presidente afastado, apesar das manifestações que fez a favor dele na Câmara e das críticas ao Conselho de Ética. “Estão rotulando todo mundo de aliado. Eu não sou aliado de Cunha. Eu mantive uma relação institucional com o presidente. Para não rotular como aliado só se escolhesse alguém do PT”, disse.

Ele rebateu ainda haver qualquer por ser da bancada evangélica, como Eduardo Cunha. “Eu não posso ser rotulado porque sou evangélico. Agora, então vamos posicionar as críticas de acordo com a fé da pessoa? Vamos parar com isso. O Brasil já cresceu para isso”, protestou.


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