Política Nacional

Doleiro preso ligado a Cunha tinha crime como ‘modus vivendi’

PGR diz que Lúcio Funaro é ‘personagem antigo dos noticiários policiais’.


O procurador-geral da República, Rodrigo janot, afirmou, em documento enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), que o doleiro Lúcio Funaro, preso nesta sexta-feira (1º) durante a Operação Sépsis, da Polícia Federal, tinha o crime como “modus vivendi”. O PGR também cita que o doleiro “tem larga experiência” em negócios ilícitos envolvendo fundos de pensão e entes públicos.

No documento, em que pediu a prisão de Funaro, Janot diz ainda que o doleiro, apontado como um dos operadores de propina ligado ao presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), era um dos “grandes operadores da organização criminosa” investigada na Operação Lava Jato.

Para o procurador-geral, “o histórico profissional de Funaro indica que nenhuma outra medida cautelar seria eficiente e útil para estancar suas atividades ilícitas” a não ser a prisão preventiva.

“Lúcio Bolonha Funaro é personagem antigo dos noticiários policiais nacionais, envolvido em grandes escândalos de corrupção do Brasil nos últimos tempos. […] Trata-se de pessoa que tem o crime como modus vivendi”, afirmou Janot no pedido de prisão.

Janot, então, lista uma série de esquemas de corrupção nos quais, segundo ele, Funaro se beneficiou de dinheiro ilícito. Segundo o PGR, o doleiro participou do “escândalo da Bancoop”; no caso Banestado; no mensalão do PT – esquema do qual foi delator premiado; e no esquema investigado na Lava Jato.

“Apareceu no escândalo do Bancoop, afirmando que o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, cobrava propina para intermediar negócios com fundos de pensão em favor do partido. Funaro também foi envolvido no caso Banestado e na Operação Satiagraha, na qual chegou a ser preso. Da mesma forma, Funaro foi diretamente envolvido no caso Mensalão, responsável por repassar valores da SMP&B (empresa de Marcos Valério) ao antigo Partido Liberal, em especial a Waldemar da Costa Neto, por intermédio de sua corretora Guaranhus”, afirma Janot no documento.

No caso do mensalão, segundo Janot, Funaro celebrou acordo de colaboração premiada no qual se comprometeu a não praticar novos crimes, sob pena de rescisão do acordo, “porém, apurou-se que o envolvimento de Funaro com negócios espúrios continua plenamente ativo”.

“Funaro é, ainda, responsável por diversas empresas, que não possuem atividade lícita e que continuam a fazer exatamente aquilo que ele fazia e foi apurado – e inclusive confessado por ele – na época do mensalão: a lavagem de valores para políticos”, continua Janot.

“[Funaro] já foi beneficiado com a colaboração premiada, um dos maiores incentivos que a Justiça pode conceder a um criminoso, a fim de que abandone as práticas ilícitas. No entanto, prosseguiu delinquindo, mesmo após receber o beneficio. Cuida-se de verdadeira traição ao voto de confiança dado a ele pela justiça brasileira”, afirma o PGR.


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