Entrevista

“Hoje é triste a situação de saúde bucal no Amapá”

Primeira-dama propõe mutirão odontológico pelo interior do Amapá. Priscilla Flores mobiliza dentistas voluntários e servidores do estado em ação semelhante ao programa Mais Visão para acelerar atenção à saúde bucal da população.


 

Cleber Barbosa
Da Redação

 

Diário do Amapá – Primeiro: obrigado por nos receber. Quando esse título de primeira-dama passou a fazer parte do seu cotidiano, ou pelo menos a senhora se viu nessa condição?

Priscilla Flores – Olá, a honra é toda minha de ser entrevistada pelo Diário do Amapá. Na verdade, eu nem sei se já caiu essa ficha… [risos] De verdade. Tem horas que eu me dou conta, tem horas que parece uma coisa distante e que a vida segue normalmente, mas termina que a gente acaba tendo novas responsabilidades mesmo e as pessoas também esperam da gente alguma coisa, devido a postura de primeira-dama, que assuma alguns papéis; então eu venho tentando equilibrar a minha vida profissional de dentista com essa nova vida agora.

 

Diário – A senhora é uma das mais jovens primeiras-damas que o Amapá já teve, então como é ser essa grande vitrine, quando se imagina que as pessoas até esperam ver a roupa que a senhora vai usar em determinados eventos, tem essa preocupação também?

Priscilla – Sim, eu comecei a ter mais agora na verdade, porque eu nunca fui de me preocupar tanto. Agora eu comecei a ter mais essa preocupação sobre o que vestir, de estar arrumada, estar maquiada, pois as pessoas esperam que eu esteja. Inclusive, até as lojas já vêm mais atrás de me ajudar a vestir, até de usar as roupas das lojas delas… [mais risos]

 

Diário – É normal que as primeiras-damas cuidem da parte da assistência social do governo. A senhora abdicou de assumir uma secretaria de estado com esse fim, mas tem ajudado seu marido nesse sentido. Como é esse trabalho?

Priscilla – Na verdade, o que eu conversei com o Clécio foi de fazer esse lado social, sim, mas voltado à minha área de atuação profissional, pois eu enquanto dentista já fazia antes, quando fui presidente da ABO [Associação Brasileira de Odontologia], um projeto chamado “Um sorriso do tamanho do Brasil”, pela seccional do Amapá. Fui presidente da ABO por seis anos, então projetamos essa ação pelo Brasil todo, dando grande visibilidade e assim conseguindo mais apoiadores. A base desse projeto nasceu com a orientação de saúde bucal para crianças de seis a doze anos, a prevenção; fizemos muitas ações mesmo. Mas, um problema que eu vejo, principalmente quando a gente viaja por esse interior, como fiz com o Clécio no projeto ‘Pelo Amapá Inteiro’, na pré-campanha, que moramos um pouquinho em cada município, é muito triste a realidade da saúde bucal como um todo.  A gente vê que nem só a prevenção resolve, pois já temos uma população adulta que já é desdentada, então com isso a pessoa não fica ruim só na estética, causa problemas psicológicos, sociais; às vezes tem dificuldade de conseguir emprego, enfim. Além de tudo isso, ela passa a ter problemas na mastigação, não consegue se alimentar direito.

 

Diário – A partir de que percentual da perda dos dentes a pessoa passa a ser considerada deficitária?

Priscilla – Um dente que você perca já leva a uma perda do equilíbrio na sua oclusão [mordida]. Quando se perde um dente, todos os outros dentes próximos tendem a ocupar aquele espaço, então os dentes do lado passam a inclinar, o de cima começa a descer, e você perde a harmonia da arcada, além de uma perda óssea onde perdeu o dente, tanto na altura quanto na espessura. Tudo isso leva a pessoa a desenvolver outros problemas. Quando eu estava na faculdade tinha uma professora que falava: “Quando um dedo dói você arranca?” [risos] Então quando um dente dói, você tem que primeiro procurar tratar aquele dente, mas a gente vê que nos interiores essa realidade não existe.

 

Diário – E o que pode ser feito pelo governo?

Priscila – Logo que o Clécio se elegeu, eu entrei em contato com o projeto Doutores da Amazônia, que depois de algumas reuniões nós trouxemos eles aqui para conhecer uma aldeia indígena, que foi a Waiãpi, então ficou acertado essa parceria durante quatro anos, entre Governo do Estado, Doutores da Amazônia e o Distrito Sanitário Indígena [DSEI], levando tratamentos que eles não fazem, de média e alta complexidade, com tecnologia de ponta, a exemplo do programa Mais Visão.

 

Perfil

Priscilla Bueno Flores – Natural de São Paulo/SP, mora no Amapá há quase 20 anos; Possui formação superior em Odontologia, pela tradicional Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas.

 

Formação Acadêmica e demais especializações

– Formada em Odontologia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas/SP
– Especialista em Ortodontia
– Pós Graduada em Odontologia Digital
-Especialista em Harmonização Orofacial
– Mestranda em Harmonização Orofacial

Projeto Social
– Durante sua vivência como primeira-dama do município de Macapá, trouxe o programa “Um Sorriso do tamanho do Brasil” que em junho de 2020 atendeu ribeirinhos do Arquipélago do Bailique.

Experiências profissionais acumuladas

– Presidente da Seccional Amapá da Associação Brasileira de Odontologia (ABO)

– Coordenadora Estadual do Programa “Um Sorriso do Tamanho do Brasil”

– Atualmente é diretora de Comunicação e Marketing da ABO Nacional.

 

 


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