Kassio Mangas é interrogado em julgamento
Ele é réu pelo feminicídio da cabo Emily, morta a tiros em 2018 por Kassio, que era seu namorado
Réu confesso do feminicídio da cabo Emily Monteiro, Kassio Mangas, de 34 anos, começou a ser ouvido por volta das 15h30 desta segunda-feira (22).
O início do interrogatório foi tumultuado pela defesa do réu, que não queria a presença “ostensiva” dos policiais militares do Fórum próximos a Kassio, por entender que isso induz o público ao entendimento de que o réu é uma pessoa perigosa.
Começando o julgamento, Kassio assumiu que efetuou os disparos, sim, em Emily.
“Eu soube posteriormente que foram 4 tiros. Quando cheguei na delegacia para o inquérito, achei que tinham sido 3, e até vi as imagens pra confirmar isso. Já preso, um legista foi lá comigo, conversou e falou que queria saber o que era aquilo na cabeça dela [Emily]. Eu disse que não podia ajudar, estava atordoado com a situação. Eu não conseguia lembrar e estava sem entender tudo aquilo”, narrou.
Kassio disse que pegou mensagens de suposta traição de Emily com um ex-namorado duas vezes, ficou triste e pediu para conversar com ela na primeira vez. A primeira teria sido no sábado à noite, dia anterior ao feminicídio.
“Eu tinha acesso ao celular dela e ela ao meu. No dia do fato, eu cheguei lá à tarde e ela estava dormindo, e não vou mentir que fiquei curioso de ver novamente o celular dela, mesmo já tendo acertado que iríamos nos separar. E naquele momento eu peguei as mensagens dela com o Rafael e também com a Kelly, eu fiquei mal e vi que ela estava mentindo pra mim, me enganando. Ela disse para o Rafael que a casa tinha caído”, contou na sua versão.
Foi a partir desse momento que Kassio assume ter sentido que estava “sobrando” no relacionamento e isso, aliado ao fato das mensagens novamente, fez ele ficar descontrolado. Nos momentos seguintes, aconteceu o assassinato.
“Aí a Emily acorda e eu digo: “P**, o que esse cara quer contigo? Quer saber de uma coisa, para mim não dá mais”, relembrou.
“Eu era trouxa no relacionamento. Aí eu pego o celular dela, coloco ele de volta na escrivaninha e digo: “Fica com o Rafael, vocês se merecem, e tu já sabe como isso vai acabar”. Aí ela disse: “Quer jogar praga pra mim? Joga para os teus pais”. Ali eu me descontrolei, peguei a arma e atirei, sim. Naquele momento, não conferi nada. Só lembro que atirei e pronto. Aí vi a avó dela falando lá fora: “o que tu fez?”. Então eu percebo a merda que fiz, por isso voltei pra ver e não acreditei na cena, no que eu tinha feito”, falou Kassio.
Em seguida, o réu alega que tentou se suicidar. “Eu tentei dar um tiro na minha cabeça, mas não consegui atirar. Eu vi ela e pensei ‘que merda eu fiz’. Eu só queria sair de lá. Não tive reação, não sabia o que dizer para a avó dela. Eu tinha medo do meu descontrole, de fazer algo para mais alguém”, justificou quando foi perguntado sobre o pós-crime.
*Reportagem em atualização, pois o réu segue prestando depoimento
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