Esportes

Revolta e perplexidade: lutadoras de MMA revelam assédio na internet

Bethe Correia afirma que recebe vídeos obscenos dos torcedores diariamente, e Gadelha cita fotos


BALTIMORE, MD - APRIL 23: Bethe Correia poses for a portrait during a UFC photo session on April 23, 2014 in Baltimore, Maryland. (Photo by Mike Roach/Zuffa LLC/Zuffa LLC via Getty Images) *** Local Caption *** Bethe Correia

Bethe Correia é ativa nas redes sociais. A lutadora, uma das mais conhecidas do Brasil, recebe elogio dos fãs, tira dúvida dos torcedores, dá conselhos, posta frases motivacionais e mostra seu trabalho como profissional do esporte. É isso que os 117 mil seguidores da paraibana no Instagram conseguem visualizar. O que só a atleta tem acesso em seu perfil, porém, é assustador: ela recebe todos os dias vídeos obscenos, frases desrespeitosas e ofensas no privado. É um assédio que atinge não só a ela, mas também a outras atletas do Ultimate. Nem mesmo o fato de serem lutadoras impede a aproximação, mais forte no mundo virtual devido a um suposto anonimato.

Conhecida em diversos países – especialmente pela rivalidade criada com Ronda Rousey, ex-campeã do UFC -, Bethe explica que o assédio maior é de estrangeiros. Ela conta, em entrevista ao Combate.com, que muitos enviam vídeos em que se masturbam assistindo às suas lutas de MMA.

– É a primeira vez que alguém me pergunta sobre esse assunto. Eu passo por isso todos os dias, é bem complicado. No Brasil temos mais aquelas “cantadas de pedreiro”, mas nas redes sociais é todo dia, principalmente de pessoas do exterior. Eles são mais malucos, não sei nem como nomeá-los. É assédio pelo Instagram e pelo Snapchat, de sete a dez vídeos por dia. Os caras mandam vídeos se masturbando com fotos minhas. Às vezes, chegam ao cúmulo de se masturbarem vendo a minha luta ao mesmo tempo, sendo que ali estou trabalhando, praticando um esporte. Eles se excitam e mandam isso individualmente. Eu acho que tem muito homem que tem fetiche em lutadora de MMA. São homens que têm fantasia de transar com uma lutadora. Bloqueio pela inconveniência, mas sempre tem um tarado novo.

Apesar de pessoalmente ter passado por poucas situações desta natureza, Bethe recorda o dia em que ficou constrangida perto de sua casa anos atrás e afirma que procura ignorar quando vê que poderá ficar em uma situação embaraçosa.

– Uma vez, perto da minha casa no Brasil, um cara de moto botou a genitália para fora e foi embora. Eu já passei por situações complicadas, mas virtualmente eles são mais corajosos. Espero que não passe daí. Sei defesa pessoal e teria que usar, quebrar um braço, apagar o cara. A repercussão é grande. Há propostas indecentes, pessoas que querem segurar a força em festa. Não sou de briga, evito, saio de perto, corto mesmo. Tem homem que confunde simpatia com liberdade. Ignorar é um caminho, não dá para dar conta de tudo. É questão de conscientização. Fico feliz em ver campanhas na TV em prol das mulheres. Eu abracei a causa “a culpa não é sua”. Andar de roupa curta ou biquíni não dá liberdade para ninguém agir assim.

Bethe, que costuma ser atenciosa com os fãs, prega o respeito e explica que existe uma grande diferença entre elogios e assédio. Ela revela que tem medo de encontrar os agressores, por não saber do que eles são capazes.

– Toda mulher gosta de receber elogios, saber que é bonita, atraente. Isso é até certo ponto, quando passa, vira falta de respeito, chego a me envergonhar por essas atitudes. Há fãs apaixonados, fui uma apaixonada por vários artistas, mas o que fazem é criminoso, não sei o que podem fazer se me encontrarem sozinha na rua. Assusta um pouco.


Deixe seu comentário


Publicidade