Diário no Carnaval

Há 59 anos, o bloco ‘A Banda’ continua trazendo alegria para os foliões

Seu Savino, de 88 anos, detalha como surgiu o bloco que, há quase seis décadas, arrasta multidões pelas ruas do Centro de Macapá


 

Um jogo de carteado entre amigos no Carnaval de 1965 deu origem a uma tradição que segue viva há 59 anos no Amapá: A Banda. Considerado o maior bloco de Rua do Norte do Brasil, o grupo de foliões que toma conta das ruas do Centro de Macapá chega a mais um ano, em uma história relembrada com a ajuda de quem viu tudo de perto.

 

Na próxima terça-feira (13) mais uma edição do bloco vai arrastar uma multidão pelas ruas da capital. José Figueiredo de Souza, o Savino, é um dos idealizadores do projeto e atual presidente do bloco. Aos 88 anos, ele integra a história do Amapá e ajudou a construir essa trajetória. Ao lado do filho, o advogado e primeiro secretário d’A Banda, Helder Carneiro, Savino compartilha a história de uma vida.

 

 

“Fomos reunindo e o movimento foi aumentando e estamos aqui até hoje. A Banda faz parte da história do Amapá, ela é do povo! Sinto a alegria disso, nós sabemos levar a alegria para a população”, destaca Savino.

 

Savino, ao lado de Amujacy Borges Alencar, Jarbas Gato, Zequinha do Cartório e mais outros amigos, resolveram sair pelas ruas de Macapá na terça-feira de Carnaval. Na época, a música hit do momento era ‘A Banda’, de Nara Leão, que acabou dando nome ao bloco recém-criado.

 

Considerada subversiva na época, a canção preocupava os militares que estavam no poder, por isso, quando o bloco A Banda ameaçou passar pela Avenida FAB, os militares fecharam o trecho em frente ao antigo Palácio do Governo, com medo de uma revolta contra o regime no poder.

 

“Na época, os militares tinham medo de uma revolta que ameaçasse o poder, então, como o bloco vinha com o nome ‘A Banda’, em homenagem à música da Nara Leão, os soldados fecharam o trecho onde hoje fica a sede do Ministério Público, na Avenida FAB. Na época, isso foi o gás que o bloco precisava, eles bateram o pé e disseram: ‘pois ano que vem nós vamos sair de novo’, e isso já dura 59 anos”, relembra Helder Carneiro.

 

 

Casamento e homenagens

A Banda é conhecida pelos seus tradicionais bonecos, com metros de altura. Ao todo, são nove personalidades homenageadas. O surgimento das figuras gigantes entre os foliões começou com a ‘Chicona’, a primeira boneca. Ela foi levada em uma das edições por um folião conhecido como Cutião, que todos os anos estava no bloco. Um dia, segundo conta Helder Carneiro, seu Savino, viu a boneca e a batizou de Chicona, que era uma enfermeira muito conhecida na década de 1960.

 

“Depois disso, surgiram outros bonecos, como o Anhanguera, que homenageou Wanderlei, antigo folião. Ele vinha sempre da Jovino Dinoá e encontrava a Chicona na esquina da escola Alexandre Vaz Tavares. Lá, o professor Munhoz uma vez decidiu casar os dois, que tiveram um filho: o Sacaca, o terceiro boneco”, conta Helder.

 

O ‘casamento’ rendeu outros filhos batizados com nomes em homenagem a personalidades que integram a história do estado, como Iracema Carvão Nunes, esposa de Janary Nunes, primeiro governador do Amapá; e próprio professor Antônio Munhoz.

 

 

Outros bonecos homenageiam membros da própria Banda, como o brincante e engenheiro Léo Platon, o idealizador do bloco, Amujacy, e o conselheiro d’A Banda, Arimatéia. Para produzir cada personagem, a organização de A Banda investe em torno de R$ 8 mil.

 

“Ter filho é muito caro, então operamos a Chicona”, brinca Savino.

 


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