Central do Marabaixo: subida dos mastros marca o início da programação, em Macapá
Tradição antecede as celebrações do Ciclo do Marabaixo e conta com apoio do Governo do Amapá
O rufar dos tambores e o som dos batuques entoaram o momento da subida dos mastros do Divino Espírito Santo e da Santíssima Trindade na noite deste domingo, 24, no Centro de Cultura Negra Raimunda Ramos, em Macapá. A programação da Central do Marabaixo, promovida pelo Governo do Estado em parceria com a União dos Negros do Amapá (UNA) e apoio do senador Randolfe Rodrigues, segue até segunda-feira, 25, com venda de artesanato e bebidas, religiosidade, shows e muitas rodas de marabaixo e seus simbolismos.
O evento é coordenado pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult) e Fundação Marabaixo. Segundo a secretária da Cultura, Clícia Di Miceli, entender todas as representações que formam o Ciclo do Marabaixo é o que fortalece a história do Amapá e seu povo.
“Precisamos conhecer a nossa cultura e a Central do Marabaixo é um espaço que propõe isso de forma didática, com uma política afirmativa para o povo negro e de resistência, perpetuação da história e tradição, então é um local onde todos são bem vindos para aprender, participar e viver a história”, afirma Clícia.
Subida dos Mastros
Representando o festejo e a tradição do Ciclo do Marabaixo, que inicia no dia 30 de março, no Sábado de Aleluia, e segue até 2 de junho, no “Domingo do Senhor”, a subida dos Mastros marca o início das manifestações de fé e cultura, assim como seu meio e o fim, com a derrubada.
Antes de serem erguidos, é realizado uma preparação com o Cortejo da Murta, planta nativa do Norte da África, e que integra um dos ritos mais importantes e seculares que ocorre no Ciclo.
A atividade representa o Divino Espírito Santo e a Santíssima Trindade, as mudas da murta são amarradas nos mastros para que eles sejam erguidos. Ao todo, quatro mastros sobem no início do Ciclo do Marabaixo, representando as seis casas que festejam o período.
Cada representante traz mastros pintados nas cores vermelho e branco, que representam o Divino Espírito Santo, e azul e branco, representando a Santíssima Trindade. O rito é uma manifestação da fé e da cultura negra amapaense.
A casa de Campina Grande traz a tradição nas gerações que se criaram dentro da tradição. A aposentada Antônia Costa, de 80 anos, nasceu entre os rituais e explica que o amor e a cultura foram a herança que repassou aos seus dez filhos.
“Nasci no marabaixo e todos os meus filhos participam. Hoje, comigo, está a minha filha Solange, as filhas dela e minhas netas. Eu sou tataravó no marabaixo e é assim que vamos manter viva essa tradição”, explica a aposentada.
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