Política

Vereador diz que Câmara Municipal de Mazagão não tem força política para representar contra o prefeito Dudão

Segundo Saulo Baia, hoje não se consegue sequer quatro assinaturas para abrir o procedimento na Casa


 

Paulo Silva
Editoria de Política

 

Embora seja composta por 11 vereadores, a Câmara Municipal de Mazagão não consegue sequer a assinatura de quatro deles para pedir o afastamento do prefeito João da Silva Costa, o Dudão, eleito pelo PSL, e muito menos de sete votos para afastá-lo do cargo. A informação foi dada, nesta segunda-feira (8), pelo vereador Saulo Baia (PRD), um dos poucos a fazer oposição ao prefeito. O outro é o vereador Binho Oliveira (PSD). Os demais não teriam coragem para mover processo contra Dudão, acusado de malversação de recursos públicos.

 

Durante os dias 2 e 3 de abril, uma força tarefa envolvendo o Ministério Público do Amapá (MP-AP), forças de inteligência e policiais cumpriram 82 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Tribunal de Justiça do Amapá, nos estados do Amapá (Mazagão, Macapá e Santana), Pará (Belém e Ananindeua) e Bahia (Salvador). A operação “Cartas Marcadas” investiga crimes de corrupção ativa e passiva, fraude em licitações, lavagem de dinheiro e a, propriamente dita, formação de organização criminosa, praticados entre os anos de 2020 e 2023 na pr efeitura de Mazagão.

 

De acordo com as investigações, as ações criminosas resultaram na fraude em cerca de cem processos licitatórios e seus respectivos contratos, cujos serviços a serem prestados movimentariam valor superior a R$ 150 milhões. Segundo a análise do Laboratório de Tecnologia contra Lavagem do Dinheiro do MP-AP, entre os anos de 2020 e 2023, os investigados movimentaram, em suas contas bancárias, cerca de R$ 200 milhões.

 

As investigações apontam o envolvimento direto do prefeito Dudão, que não só tinha conhecimento da malversação do dinheiro do município, como ele próprio, alguns familiares e amigos investidos em cargos de confiança, usufruíram de bens móveis e imóveis adquiridos com os recursos públicos desviados, incluindo o pagamento de show de cantora brega no balneário de propriedade do prefeito feito por uma empresa que recebeu mais de R$ 3,5 milhões da prefeitura. O show custou R$ 45 mil a foi realizado em maio de 2022.

 

Apesar das pesadas acusações, a maioria dos vereadores de Mazagão mantém o silêncio, e a esperança da população é que o Ministério Público solicite o afastamento do prefeito e este seja deferido pelo Judiciário.

 

No mês passado, a Câmara Municipal de Mazagão desprezou parecer prévio do Tribunal de Contas do Amapá e aprovou as contas do prefeito João “Dudão” Costa por 10 votos a um. O parecer do Tribunal era pela rejeição das contas. Em sessão da câmara, dias depois da operação, a vereadora Professora Lucimar, que seria aliada do prefeito, fez discurso sobre a ação policial e disse: Quem não comeu desse pirão que atire a primeira pedra.

 

Em documento com data de 7 de abril (domingo), a defesa do prefeito Dudão Costa, feita pelo advogado Marcelo Leal, informou ao desembargador Agostino Silvério, relator do processo que gerou a operação, que promoveu a exoneração de todos os servidores da prefeitura envolvidos nas investigações, com forma de “demonstrar a boa-fé processual desse gestor”. João da Silva Costa cumpre o segundo mandato como prefeito de Mazagão.

 


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