Ex-bombeiro militar é preso envolvido em tráfico de drogas
Catraieiro está entre investigados da Operação ‘Blind Diving’, da Polícia Federal
Elen Costa
Da Redação
Em coletiva na manhã desta quinta-feira, 11, a Polícia Federal (PF) detalhou parte da investigação que resultou na deflagração da Operação ‘Blind Diving’ e, consequentemente, no cumprimento de sete mandados de busca e apreensão e quatro de prisão temporária.
Um dos alvos, segundo a PF, é um ex-militar do Corpo de Bombeiros. Não foi divulgado se ele pertencia à corporação do Estado de São Paulo ou do Rio Grande do Norte, mas os coordenadores da ação revelaram que o preso é especialista em mergulho.
“Ele era o principal mergulhador e detém um vasto currículo dessa atividade. Por isso, era o braço da organização criminosa para fazer o serviço”, contou Bruno Belo, delegado substituto da Divisão de Drogas da Polícia Federal.
Belo disse não saber informar se o ex-militar foi contratado ou se ele era integrante do grupo criminoso.
Risco
Em depoimento, o ex-militar revelou que quase morreu durante a colocação da droga no casco do navio, e que só conseguiu o feito na quarta tentativa.
“É uma atividade bastante perigosa, que é realizada sem os equipamentos de segurança, com riscos de lesão e até mesmo de morte”, destacou o delegado Belo.
Destino
Sobre o destino e origem do entorpecente, cada mergulhador apresentou uma versão à polícia. Um deles informou que a droga estava sendo retirada e que estaria entrando no estado. O outro alegou que o ilícito estava sendo colocado e teria como destino o continente europeu.
“As investigações ainda serão aprofundadas, mas há suspeita que a segunda versão seria a mais verossímil”, ponderou a autoridade policial.
Inovação
A modalidade desse tipo de tráfico de drogas acontece em vários portos brasileiros, mas é a primeira vez que a polícia detecta a atuação no Amapá.
“Quando as forças de segurança vão apertando, fechando o cerco, eles começam a correr para outras cidades onde veem a possibilidade de ter êxito. Talvez, decidiram vir pra cá por acreditar que aqui temos um porto com grande capacidade de operacionalizar o crime. Vamos investigar se isso ocorreu outras vezes”, garantiu o delegado Regional de Policia Judiciária da PF, Dalton Marinho Vieira Júnior.
A maior apreensão do Amapá
No total, a ação desta quarta-feira, 10, culminou na apreensão de 154,75 quilos de cocaína que, de acordo com os dados da Polícia Federal, é a maior da história do Amapá.
Crime Organizado
As investigações duraram cerca de um mês e apontaram que se trata de uma organização criminosa qualificada, com divisões de tarefas e que detém um alto poder aquisitivo.
“É grupo extremamente arquitetado. Sabemos que não estamos lidando com mulas ou com pessoas aleatórias. Trata-se de uma organização criminosa totalmente voltada pro carregamento de drogas, cocaína, para a Europa”, assegurou Dalton Marinho.
Tarefa
Um catraieiro está entre os investigados. Os levantamentos policiais indicam que ele era o responsável pelo transporte dos mergulhadores até ao local das atividades.
A PF disse ainda que não há indícios da participação da tripulação do navio na ação. Contudo, foi dado um alerta para que a comunidade internacional faça a averiguação na embarcação quando a mesma chegar ao seu destino, que é Portugal.
“Tudo será minuciosamente investigado para a obtenção da identidade do dono do carregamento e para saber o envolvimento de outras pessoas. Em regra, não há a participação da tripulação no esquema”, enfatizou Bruno Belo.
Apenas um dos alvos não foi localizado, os demais – dois mergulhadores e o catraieiro – foram transferidos para o Iapen, onde ficarão à disposição da polícia e da Justiça amapaenses.
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