Entrevista

“Ninguém vai salvar uma pessoa e perguntar em quem votou”

Em esclarecedora entrevista, o ministro José Múcio Monteiro criticou a disseminação de fake news e a tentativa de politização sobre a tragédia no Rio Grande do Sul


■ O ministro criticou disseminação de fake news e a tentativa de politização sobre a tragédia no RS.

 

Cléber Barbosa
Da Redação

 

Diário – Oministro da Defesa, José Múcio Monteiro, criticou a disseminação de fake news e a tentativa de politização da tragédia climática no Rio Grande do Sul. Ao CNN Entrevistas, o ministro destacou que é momento de deixar as “trincheiras ideológicas” para salvar vidas.
José Múcio – Tem gente que está usando esse momento para fazer política, com produções muito bem feitas, desestimulando quem está trabalhando. E dizendo que o governo federal não está fazendo nada. Nós estamos tentando enfrentar essa onda de fake news.

Diário – O ministro ressaltou que é momento de colocar de lado a polarização política e que o clima de ódio não tem feito bem ao país, ao estimular uma divisão nacional.
José Múcio – Pedi para as pessoas deixarem as trincheiras políticas e ideológicas. Nós vamos primeiro salvar vidas. Ninguém vai salvar uma pessoa e perguntar em quem votou.

Diário – Segundo ele, ao todo, 15 mil homens das Forças Armadas têm atuado na tentativa de resgatar pessoas e animais, o que representa uma das maiores mobilizações do Exército Brasileiro.
José Múcio – Esse problema (…) no Rio Grande do Sul é uma guerra. Ou guerra é só atirar e matar gente?”

Diário – Múcio esclareceu que o Ministério da Defesa aceitou a oferta do governo uruguaio em oferecer um helicóptero para auxiliar nas buscas. E que não houve a utilização da aeronave de grande porte oferecida pelo país sul-americano por dois motivos: problema logístico para pouso e disponibilidade de aeronaves da Força Aérea Brasileira.
José Múcio – Verdade, com certeza mesmo, são programas nacionais né? Mas a gente vai preparado, graças a Deus, além disso tenho um grande professor aqui do meu lado… [mais risos] que me ensina muito, a gente se sai super bem.

 

Diário – Então o governo brasileiro não recusou a oferta de ajuda feita pelo Uruguai para as operações de socorro às vítimas das cheias no Rio Grande do Sul?
José Múcio – Um helicóptero emprestado pelo país vizinho e amigo está em operação no estado, aparelho de grande valia para o auxílio dos socorristas. O Brasil é grato ao Uruguai pelo pronto-auxílio. São falsas, portanto, as notícias de que o Brasil teria desprezado ajuda do Uruguai ou qualquer outro país. Todas as ofertas de auxílio são bem-vindas, serão analisadas conforme a adequação às urgências e serão bem recebidas. Juntamente com o helicóptero, o Uruguai também ofereceu um modelo específico de avião. Neste caso, a avaliação técnica foi a de que o aparelho, em razão de suas características, não seria adequado para o tipo de operação exigida e a infraestrutura aeroportuária disponível. Considerando ainda que já há no Rio Grande do Sul avião em operação da frota brasieira com a mesma funcionalidade do ofertado, a conclusão foi a de que não havia necessidade desse tipo de aeronave.

 

Diário – Políticos da situação e da oposição elogiaram a postura do chefe  imediato das Forças Armadas, que não se eximiu de cutucar o líder do regime chavista após mais uma de suas sandices.
José Múcio – Nossa atribuição é a preservação do território nacional. Temos uma fronteira… eles só chegarão na Guiana, se passassem pelo território brasileiro, e nós não vamos permitir em hipótese nenhuma. Isso é uma manobra política dele [Maduro], se fosse perto das eleições eu não me preocuparia muito, mas não vai passar. Ao contrário de lideranças petistas que “passam pano” para o ditador venezuelano, José Múcio claramente não diminuiu a gravidade da investida contra a Guiana. O Exército brasileiro reforçou a segurança da fronteira de Roraima por conta da disputa por Essequibo, área da Guiana rica em petróleo e que agora, depois de dois séculos de disputa, Maduro quer simplesmente anexá-la à Venezuela.Em caso de uma escalada militar, a única forma de Maduro atravessar caminhões, tanques e blindados da Venezuela para a Guiana seria passando por Roraima, no Brasil.
O posicionamento de José Múcio deixa claro, de antemão, de que forma o estado brasileiro se posicionará em um eventual chamamento de Maduro para Lula por conta da Guiana.

Perfil

José Múcio – Engenheiro civil, músico e político brasileiro, filiado ao Partido Renovação Democrática (PRD) e atual ministro da Defesa do Brasil.

 

Breve biografia
– O Ministro de Estado da Defesa, José Mucio Monteiro Filho,
– Nasceu em 25 de setembro de 1948, na cidade de Recife (PE).
– É filho de José Mucio Monteiro e de Maria Cristina Azevedo de Queiroz Monteiro.
– É engenheiro civil formado pela Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco (UPE) em 1971.
– Cumpriu mandatos eletivos como prefeito do município pernambucano de Rio Formoso (1982 a 1983) e deputado federal (1991 a 2011).
– Entre as principais atividades parlamentares, foi presidente nacional do PFL (1992 a 1993); líder do PTB na Câmara dos Deputados; e líder do Governo, de 7 de março de 2007 a 30 de novembro de 2007.
– Na carreira pública, foi presidente da Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) em 1983; secretário dos Transportes, Comunicação e Energia do Estado de Pernambuco (1983 a 1986); secretário municipal de Planejamento, Urbanismo e Meio Ambiente de Recife (1997 a 1998); ministro de estado chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República (2007 a 2009); ministro do Tribunal de Contas da União,2009 a 2020; e presidente do TCU (2019 a 2020).

 


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