Polícia

Titular da Dercca fala sobre casos de crianças vítimas de agressão

Clivia Valente diz que números são expressivos e tiveram acréscimo se comparados aos do ano passado, quando registros foram mais de 850


 

Elen Costa
Da Redação

 

Instituído pela Assembleia da ONU em 1982, o 4 de junho é o Dia Internacional das Crianças Vítimas de Agressão. O momento marcado por reflexões e conscientização está longe de ser uma data comemorativa. Em todo o mundo, crianças enfrentam diariamente a violência física e psicológica, muitas vezes pelas mãos daqueles que deveriam protegê-las: seus próprios pais.

 

No Amapá, os números são bastantes expressivos e tiveram um acréscimo se comparados aos do ano passado, quando os registros totalizaram mais de 850 boletins de ocorrências. A informação é da delegada Clivia Valente, titular da Delegacia Especializada na Repressão em Crimes Contra a criança e o Adolescente (Dercca), que atribui esse avanço, não ao aumento de casos, mas sim ao aumento das denúncias.

 

 

“A gente faz um intenso trabalho de conscientização, de divulgação. Então, quando colocamos o dedo na ferida, quando expomos para a comunidade, nós temos um retorno. Aquela criança, aquele adolescente se sente mais confiante em relatar o abuso, a agressão física, os maus tratos que vem sofrendo”, ponderou.

 

A violência contra a criança vai desde o estupro de vulnerável, espancamento, queimadura, trabalho infantil, maus tratos, lesões dolosas e culposas em âmbito familiar, até os crimes tipificados no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), como a negligência à assistência médica, abandono, pedofilia, armazenamento de material pornográfico e favorecimento à prostituição.

 

 

“Quando falamos dos abusos sexuais, infelizmente, na maioria dos casos o ciclo não é interrompido. Por alguma situação, essa criança não consegue denunciar o seu agressor. Em alguns casos ela até se abre, mas o familiar não acredita, e quando acredita, na maioria das vezes faz um acordo e deixa aquilo dentro de casa, abafa o crime, faz o que chamamos de pacto de silêncio para que não haja escândalo”, explicou a delegada.

 

A autoridade policial destacou a necessidade de proteger e educar as crianças em uma fase tão crucial de seu desenvolvimento. Para Clivia, a dependência financeira e emocional das mães das vítimas faz com que elas não levem, na grande maioria das vezes, os casos ao conhecimento da polícia e do Poder Judiciário.

 

“Há abusos que não ocorrem com conjunção carnal e atos libidinosos. Existem aqueles que não deixam vestígios, mas a criança sempre dá sinais. Em casos em que a mãe opta por não denunciar, ela passa a ser conivente e responde pelo mesmo crime, porque ela é a garantia, é a pessoa que tem a obrigação de proteger”, advertiu a titular da Dercca.

 

Experiências traumáticas não só deixam cicatrizes físicas e emocionais profundas, mas também afetam irreversivelmente a maneira como essas crianças veem o mundo e se relacionam com ele. Para denunciar qualquer tipo de violência contra criança no estado, a Dercca disponibiliza o número (96) 99126-3724, e o ponto focal que é o disque 100.

 

“Pedimos que as denúncias anônimas sejam feitas de forma onde a pessoa coloque todos os elementos necessários, como o endereço, ponto de referência, nome da vítima. Garantimos o anonimato, mas queremos receber informações com responsabilidade. Afinal, é uma criança indefesa que está sofrendo e nós precisamos tirá-la dali e oferecer toda rede de apoio que ela precisa”, finalizou Clivia Valente.

 


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