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Tentativas frustradas

Seguindo o seu curso normal dentro dos preceitos constitucionais, o processo foi aceito pelo Senado, e Dilma Roussef teve que se afastar do cargo pelo prazo de 180 dias. Enquanto a Comissão Processante ouvia depoimentos de testemunhas da defesa e acusação, a Presidente afastada percorria o Brasil, tentando convencer o povo de que era inocente e estava sendo vítima de um golpe.


Ruy Guarany
Articulista

Apartir do momento em que a Câmara dos Deputados deu início ao processo de impeachment de Dilma Roussef a ‘tropa de choque’ do governo e o PT assumiram a defesa da Presidente.

Com o Palácio do Planalto transformado em palanque, a própria Dilma passou a se defender, acusando a oposição de haver protagonizado um golpe contra o seu governo. Reforçando a tese de que a presidente não havia cometido crime de responsabilidade, o PT partiu para as mobilizações de rua, na tentativa de derrubar o empeachment, no Senado, onde a presidente foi defendida pelo advogado José Eduardo Cardoso.

Seguindo o seu curso normal dentro dos preceitos constitucionais, o processo foi aceito pelo Senado, e Dilma Roussef teve que se afastar do cargo pelo prazo de 180 dias. Enquanto a Comissão Processante ouvia depoimentos de testemunhas da defesa e acusação, a Presidente afastada percorria o Brasil, tentando convencer o povo de que era inocente e estava sendo vítima de um golpe.

Fatos novos foram surgindo, para reforçar ainda mais a admissibilidade do impeachment. Os recentes depoimentos prestados pelo marqueteiro da sua campanha, João Santana, e esposa, confirmando a existência do caixa dois, em favor da eleição de Dilma, colocou a Presidente afastada ainda mais longe do poder.

Ao aproximar do julgamento final, previsto para agosto, Dilma Roussef já admite fugirem as chances de retornar ao Palácio do Planalto.
Sem desistir da luta, prepara uma carta aberta aos senadores, talvez como última tentativa para salvar a sua biografia.

Da parte do PT, começam a surgir rumores de que o impeachment é fato consumado. Preocupado mais com as eleições, Lula convoca a militância para a mobilização, visando reverter o baixo índice do partido, onde o prefeito Haddad, de São Paulo, candidato à reeleição, é apontado pelas pesquisas com baixíssima preferência. Lembrando fatos passados, a preocupação não abrange somente os petistas, mas também a maioria dos políticos, temerosos com a possível volta dos agouros de agosto…

Aconteceu em São Paulo – Quando governador de São Paulo, Jânio Quadros recebeu requerimento de um antigo funcionário do estado, que usou cinco páginas datilografadas para pedir que o governador autorizasse o pagamento de uma vantagem salarial que o governo lhe devia. Antes, porém, de tocar no assunto do seu interesse, o servidor se referiu à inflação, dívida externa, corrupção, trânsito, desemprego e outros assuntos. Somente no final ele dizia o que queria. Jânio leu atentamente o documento e deu o seguinte despacho: “Urgente, Secretário da Fazenda. Mestre, mande pagar urgentemente ou ele requer de novo…!


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