Entrevista

“Precisamos dar mais oportunidades às mulheres na política”.

Se apresentando como sendo de centro-direita, Aline Gurgel se licencia do cargo de secretária de estado da Assistência Social do Governo do Amapá, para cumprir prazo da legislação eleitoral e poder voltar a disputar a PMM.


Cleber Barbosa
Da Redação

 

Diário do Amapá – A senhora essa semana entregou em mãos ao governador uma carta deixando o cargo de secretária de estado da Assistência Social, mas foi para cumprir prazo da legislação eleitoral, não é?

Aline Gurgel – Exatamente, eu assumi esse cargo junto com o governador Clécio Luís, desde o primeiro dia de seu governo, um honroso convite que eu recebi, afinal a assistência social é uma das pautas mais importantes de um estado. Nós temos em torno de 450 mil pessoas em situação de pobreza e baixa renda no Amapá, um número muito alto de pessoas que necessitam do olhar atencioso da assistência, integrado com a saúde, a educação e a segurança.

 

Diário – Esse contingente de 450 mil pessoas é quase a metade da população do estado, não é?

Aline – Infelizmente. No CadÚnico, por exemplo, nós temos hoje cadastradas 521 mil pessoas, o que equivale a 70% praticamente da nossa população, já que no último Censo tivemos até uma baixa em relação ao levantamento anterior, somos 750 mil amapaenses.

 

Diário – Isso requer então todo um planejamento para a definição dessa política de assistência, não é mesmo?

Aline – Sim, foi um trabalho árduo, um planejamento focado na assistência, ou seja, quebrar a extrema pobreza, elevando a qualidade de vida dessas pessoas, o bem maior desse estado, do governo Clécio, daí a definição de políticas importantes como o Acolher Amapá, como também o Amapá sem Fome, que foi aprovado na Assembleia Legislativa essa semana, enfim, foi um trabalho árduo em que eu como defensora da política, das mulheres na política em especial. Eu acho que as mulheres têm uma oportunidade única e histórica de se posicionar em todas as ocasiões em que puder participar, afinal por muito tempo nós ficamos fora desse processo, e a gente precisa corrigir isso.

 

Diário – Até sem o direito de votar, quiçá sem votada, é isso que a senhora quer lembrar, não é?

Aline – Sim, além de votar e ser votada, mas ter o direito de se posicionar, de falar, entendo que as mulheres realmente têm condições de debater e avançar nas políticas públicas, por isso eu aceitei esse desafio do Republicanos, das pessoas que nos seguem, nas ruas mesmo quando as pessoas vem me perguntar o porque de não me candidatar a prefeita, algumas até lembrando que em 2016 gostaram muito das minhas propostas, assim como outras que nos incentivam enaltecendo outras experiências públicas como minha ida ao Congresso Nacional e agora como secretária de estado.

 

Diário – Daí a decisão de deixar o governo e se habilitar a disputar as eleições deste ano?

Aline – Uma decisão tomada após uma avaliação feita com toda calma, junto à família, junto com meu esposo, conversei com as pessoas, me aconselhei com muita gente mesmo, tenho uma fé muito grande, então também fiz muitas orações mesmo, pedido a direção de Deus para que pudéssemos tomar essa decisão que julgo ser uma das mais importantes da minha vida. Eu também conversei com o governador Clécio, que foi aquela pessoa que me estendeu a mão, que me deu a oportunidade de mostrar meu talento, com todo o conhecimento que eu tinha em Brasília, então após esse árduo trabalho focado realmente de colocar comida na mesa das pessoas em situação de extrema pobreza e vulnerabilidade social, enfim, gente que realmente precisa muito, como a primeira infância, que é uma bandeira muito grande de luta que eu defendo e tenho como uma bandeira de vida. Sou muito grata por ter tido essa oportunidade, mas chegou um momento que eu precisava tomar uma decisão.

 

Diário – Então a senhora oficialmente deixa o governo para se dedicar à pré-campanha para prefeita?

Aline – Sim, na verdade a gente já vinha nessa transição, nessa prestação de contas, os ajustes necessários para fechar esse ciclo importante da minha vida, com muitos avanços na [política] da assistência, como a extinção da SIMS [Secretaria da Inclusão e Mobilização Social] para instituir uma secretaria pura de assistência social, que afinal é uma política complexa, tem suas especificidades.

 

Diário – Então a pasta da Assistência Social, a SEAS é uma subdivisão da antiga SIMS?

Aline – Sim, antes era Secretaria de Inclusão e Mobilização Social, que se dividia em outras políticas, além da assistência social, então o governador assumiu um compromisso com a rede do sistema único da assistência social, da gente ter uma secretaria pura de assistência, que já tem seus afazeres enormes, que cuida da proteção social das pessoas, que cuida da vigilância socioassistencial, da defesa social, então realiza uma gama de trabalhos que a fazem ela ser um braço do poder público que acolhe do nascer ao fim da vida das pessoas.

 

Perfil

Aline Paranhos Varonil Gurgel nasceu em 25 de novembro de 1980, em Macapá (AP).

 

Breve biografia
– Formada em Direito e especialista em licitações públicas, ingressou na política em 2009, onde começou a atuar pela participação da mulher nos espaços de poder.
– Em 2012, foi eleita vereadora em Macapá com mais de 4,7 mil votos, a mais votada no município. Nas eleições 2014, Aline concorreu ao cargo de vice-governadora pela coligação “Unidos pelo Amapá que queremos” e em 2016, disputou a Prefeitura de Macapá.
– Em 2018, foi secretária de Políticas Públicas para Mulheres do Estado do Amapá. Recebeu várias homenagens por sua atuação em defesa da mulher, entre elas a Medalha Mulher Destaque Brasil pela União dos Vereadores do Brasil (UVB). Também foi premiada com o Troféu de Melhor Vereadora do Brasil pela UVB.
– Nas Eleições 2018, foi eleita deputada federal pelo Republicanos Amapá. Na Câmara Federal, foi vice-presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, membro titular da Comissão de Seguridade Social e Família, além de coordenadora da Frente Parlamentar Mista da Primeira Infância na Região Norte.
– Após não ter sido reeleita em 2022, foi convidada para assumir a Secretária de Política Assistência Social do Amapá.

 

 


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