Entrevista

“A melhor idade é quando você vive a sua própria vida”.

  Diário do Amapá – Em primeiro lugar parabéns professora por sua nova graduação, que a gente já soube pretende usar para ajudar outros idosos nessa fase da vida. Como será? Diney Adriana – Muito obrigada, mas sobre a questão de voltar a estudar, como primeiro ponto, quando comecei a pensar nisso logo me sugeriram […]


 

Diário do Amapá – Em primeiro lugar parabéns professora por sua nova graduação, que a gente já soube pretende usar para ajudar outros idosos nessa fase da vida. Como será?

Diney Adriana – Muito obrigada, mas sobre a questão de voltar a estudar, como primeiro ponto, quando comecei a pensar nisso logo me sugeriram a Universidade da Terceira Idade, mas na realidade não era isso que eu queria, um projeto muito bonito também, que leva de um a dois anos, onde as pessoas de idade passam um tempo. Acho muito importante esses cursos, interessantíssimo que a população participe, mas como eu tive toda uma vida acadêmica, eu queria algo mais, queria fazer mais um curso superior. E não era só fazer, pois verificava até na própria comunicação em toda a minha vida o quanto a pessoa de idade vai se encolhendo, vai se fechando, não tem tanto com quem falar, ou por vezes até tem com quem falar, mas nao é tão ouvido quanto imagina. Então nesse momento em que estamos vivendo, uma época de tanto desenvolvimento, me parece que existe um novo jovem ou um jovem novo, que pode sim estudar, fazer qualquer tipo de curso.

 

Diário – Que não seja só um curso voltado à terceira idade, é isso?

Diney – Exatamente, nada contra, mas de repente você passou a vida toda querendo ser um advogado, por que não vai então ser um advogado? Às vezes as pessoas com cinquenta e poucos anos param de trabalhar e não fazem mais nada. E a vida útil onde fica? Estive lendo a respeito, então a pessoas de idade se tiverem uma boa vida social, se fizerem exercícios físicos, uma boa alimentação, e toda essa questão de objetivos de vida, ser feliz, buscar isso é muito importante. Como eu falei toda a vida com jovens principamente, eu acho que agora estou numa fase de ouvir as pessoas com mais idade. Quando eu comecei a fazer estágio, as pessoas de idade chegavam comigo e diziam: – Ah, mas com a senhora eu quero conversar! [risos] Interessante isso, não é?

 

Diário – É uma troca também não é, sua vivência em sala de aula teve muito disso com os mais jovens?

Diney – É difícil dar essa explicação, pelo fato de eu ter convivido com jovens uma vida inteira, então sempre tive muita facilidade de me comunicar com eles, então observei que nesses quatro anos e meio que eu fiz a nova graduação, em nenhum momento eu me senti hostilizada por ser uma pessoa de idade. Agora tem um lado também que eu acho que é preciso estabelecer uma avaliação sobre até que ponto ir, pois se eu quiser falar muito, se eu quiser só contar as minhas histórias, eu vou ser inconveniente não só na faculdade, mas em qualquer lugar. É preciso saber se portar!

 

Diário – Existiam outras pessoas com idades próximas à sua no curso?

Diney – Em função da pandemia, mesmo no pós-pandemia, ficou muita coisa online, as turmas ficaram muito perdidas, então na realidade nós só formamos atualmente nove alunos, mas no curso chegávamos a ter sessenta alunos, cento e vinte alunos, online, mas isso reunindo alunos no Brasil inteiro, então passamos mais da metade do curso com um número muito grande de alunos, mas na colação de grau mesmo foram nove aqui comigo.

 

Diário – E há quanto tempo a senhora atua no Amapá?

Diney – Já são nove anos. Eu costumo dizer que fugi do Sul pelo frio. Mas hoje acho que foi diferente, que foi pelo calor do Amapá que fui seduzida, pelo acolhimento das pessoas, então eu gosto muito da minha vida aqui. Eu estou com 72 anos idade, dirijo meu carro sozinha a qualquer hora do dia ou da noite, vou com meu carro a todos os lugares, não tenho medo de ir a lugar algum e as pessoas me conhecem também, acho isso muito importante também, ter uma vida social.

 

Diário – E afinal, a senhora concorda com essa expressão “melhor idade”?

Diney – Nao! Eu acho que que toda idade é melhor idade. Só que quando eu tinha 20 anos ninguém me dizia isso… [mais risos] Então eu considero que a melhor idade está no momento em que tu já tens uma profissão, o teu dinheiro, no momento que tu és independente. A partir daí, enquanto tu te mantiveres independente, isso é muito importante, é a melhor idade! É muito boa idade! Eu não preciso passar uma vida inteira só ajudando os outros, tem uma idade que eu posso ter a minha vida, ter a minha independência, pois muitas pessoas ficam imersas em ajudar os outros, os filhos, os netos, e não vivem e pior, muitas vezes sustentam sem retorno, sem a devida atenção, cuidado, amor.

 

Perfil

Diney Adriana Oliveira – Doutora em Comunicação Social, professora Universitária, coordenadora de projetos sociais, consultora no setor turismo e hotelaria.

 

Sua formação acadêmica
– Possui graduação em Bacharel em Turismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1976),
– Tem Mestrado em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1997)
– Título de Doutorado em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2002).
– Graduação em Psicologia pela Faculdade Estácio de Macapá (2024)
– Atua como professora no curso de Psicologia da Faculdade Estácio de Macapá.

Algumas de suas pesquisas
– Sua dissertação do Mestrado em Comunicação Social foi “As linguagens do turismo: Suas diferentes formas de comunicação”. Ano de Obtenção: 1997; Orientador: Juremir Machado da Silva;

– A tese defendida por ela no Doutorado em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul foi “Relatos de viagem/Rio Grande do Sul”, ob a orientação do professor Antonio Carlos Hohlfeldt.

 

 


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