Polícia

“Mulheres começaram a procurar a polícia por se sentirem mais seguras”, diz delegada

Marina Guimarães se contrapõe a resultado de pesquisa que coloca Amapá como segundo estado da Norte com maior número de violência doméstica


 

Elen Costa
Da Redação

 

Uma pesquisa divulgada recentemente colocou o Amapá no rankig entre os estados da região norte do Brasil com o maior número de casos de violência contra a mulher.

 

Os índices apontam que 56% das mulheres amapaenses declararam ter sofrido ou vivenciado algum tipo de violência doméstica, em algum momento da vida, deixando o Amapá em segundo lugar, perdendo apenas para o Amazonas, que tem 57% de registros.

 

Em entrevista ao Programa LuizMeloEntrevista, na Diário FM, nesta sexta-feira, 5, a titular da Delegacia Especializada em Crimes Contra a Mulher (DECCM), delegada Marina Guimarães, explicou que esse quantitativo não significa que mais mulheres estão sendo agredidas, mas sim, que as vítimas passaram a ter mais coragem para denunciar.

 

“A violência doméstica, infelizmente, sempre existiu, o que não tinha era ampla divulgação. A mulher, antigamente, não sabia o que era a violência, o ciclo da violência, quando ela iniciava, que começava com a agressão verbal, ela achava que tudo isso era normal, porque antes já tinha visto a mãe sendo vítima. Mas, vieram as políticas públicas, as operações, e as mulheres começaram a procurar a delegacia em busca de ajuda; agora elas se sentem mais seguras para pedir apoio. Então, consequentemente, os registros aumentaram”, esclareceu Marina.

 

Nos seis primeiros meses de 2024, Macapá não registrou nenhum caso de feminicídio. Apenas dois crimes dessa natureza ocorreram em todo estado, um em Oiapoque e outro em Mazagão.

 

“Isso é resultado de um intenso trabalho, não só repressivo como educativo também. Hoje a conscientização chega aos agressores. Ultimamente temos realizado palestras dentro da penitenciária, para homens que respondem por esse tipo de crime, e mostramos a eles que, além da privação da liberdade, eles perdem suas famílias e, até mesmo, o amor dos filhos. Então, tem muita coisa em jogo, não é só a violência em si”, pontuou a autoridade policial.

 

A titular da DEECM enfatizou que operações como ‘Atria’ e ‘Shamar’ levam ao conhecimento das mulheres informações a respeito da rede de apoio que as auxiliam.

 

“Mostramos a elas que é possível impedir que esse ciclo de violência se inicie. Fazemos elas saberem que tem uma rede toda para ajudá-las”.   

 

Uma das principais preocupações dos órgãos ligados a políticas públicas para as mulheres é o descumprimento das medias protetivas de urgência.

 

“As estatísticas são fontes de informações. Mês passado, por exemplo, detectamos que houve aumento no descumprimento dessas determinações. Começamos a perceber que esse ato era corriqueiro e muito grave. Então, começamos a representar pelos mandados de prisão desses agressores, para que eles entendam que essa desobediência tem consequência”, alertou a delegada.

 


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