Cidades

Padre Paulo Roberto defende participação de sacerdote na política

No ‘Dia do Padre’, presidente do Ijoma descarta possibilidade de ser candidato, mas pondera que o padre tem que desenvolver atividades em todos os setores da sociedade


O presidente do Instituto Joel Magalhães de Combate ao Câncer (Ijoma), padre Paulo Roberto, defendeu na manhã desta quinta-feira, 4, no programa LuizMeloEntrevista (DiárioFM 90.9), a participação de sacerdotes em todas os setores da sociedade, inclusive na política, mas focando essas atividades na área social, como forma de amenizar o sofrimento do povo.

Questionado sobre a possibilidade de ele próprio vir a ser candidato, entretanto, ele descartou, mas ressaltou que os padres podem sim – e devem – apoiar politicamente candidatos comprometidos com projetos coletivos voltados à população.

 “Eu costumo dizer que a Bíblia se resume na frase ‘amar a Deus é amar ao pobre’, isto é, se colocar a serviço da humanidade. O padre tem que ser perito em amor; eu não diria que ele é escolhido ou abençoado por Deus, porque nós somos seres humanos e como seres humanos nós temos defeitos, temos limites; mas com nossa humanidade, nossa pobreza, procuramos através da fé transcender a nossa humanidade para tentar se aproximar o mais possível ao coração de Jesus”, pregou.

Para o sacerdote, o celibato é imprescindível para que o padre desenvolva na plenitude a sua missão. “O padre não casa não é porque não gosta de mulher, porque não gosta de ter família; o padre não se casa para ser sinal do amor de Deus, para que possa se doar aos pobres, aos doentes, aos carentes nos aspectos sociais e espirituais. Como ser humano eu escolhi viver na radicalidade esse amor. O médico gosta de cuidar dos doentes, os bombeiros de salvar vidas enfrentando perigos, o professor gosta de se dedicar à educação; o padre cuida do espiritual, mas cuida, também de questões sociais. Alguns dizem que o padre não pode se dedicar a ações sociais; eu discordo radicalmente disso, porque o padre tem que se envolver em política, trabalhar o social, porque tudo mexe com a vida das pessoas. Jesus não foi um alienado, porque ele viveu no seu tempo todas essas situações, tendo inclusive sido morto por causa da posição política que tinha, acabando por ser perseguido, torturado e levado à cruz, resultando que a sentença de Jesus foi uma decisão política”, pontuou.

O sacerdote condenou a forma como se faz política no Brasil. “Quando eu digo que não sou candidato a cargo eletivo, é porque pra você fazer política você tem que ceder, negociar e não se tem possibilidade nenhuma de fazer política sem conchavos. A pessoa perde a identidade, perde a autoridade, não tem mais vontade própria porque tem que fazer a vontade dos outros. O problema também é que na política prevalece o poder econômico, isto é, quem tem dinheiro se elege; o povo infelizmente não vota em qualidade, em projetos, mas sim em pessoas sem critério nenhum. O interessante seria eleger por projetos, principalmente em projetos sociais, mas não é isso que ocorre. Por isso eu não me vejo em militância política”, finalizou o padre Paulo Roberto.


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