Unifap concede título de Doutor Honoris Causa ao músico e compositor Nonato Leal
Honraria reconhece notória trajetória de Raimundo Nonato Barros Leal como músico, compositor, arranjador e professor de cordas
A Universidade Federal do Amapá (Unifap) entrega oficialmente na próxima quarta-feira, 25 de setembro, o título de Doutor Honoris Causa ao músico, compositor, arranjador e professor de cordas Raimundo Nonato Barros Leal, mais conhecido como Nonato Leal. A solenidade ocorre no auditório da Biblioteca Central, localizado no campus Marco Zero do Equador, em Macapá (AP), às 16h.
O título de Doutor Honoris Causa é atribuído à personalidade que tenha se distinguido pelo saber e pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou do melhor entendimento entre os povos. O Conselho Universitário Superior (Consu), da Unifap, aprovou por unanimidade, no dia 10 de setembro de 2024, a concessão do título.
A honraria outorgada trata-se da máxima distinção concedida por uma universidade e reconhece a notória trajetória de Nonato Leal como músico, compositor, arranjador e professor de cordas, o que possibilitou avanços memoráveis para os estudos e o ensino de cordas no estado do Amapá. O violonista construiu uma carreia reconhecida nacional e internacionalmente, tornando-o detentor de sucesso alcançado e reconhecido.
Sobre o músico
Nonato Leal, um músico além de seu tempo. Há 97 anos, nascia no município de Vigia de Nazaré, no Pará, Raimundo Nonato Barros Leal, que viria a ser um dos grandes violonistas da música popular brasileira.
Aos oito anos de idade, inicia sua trajetória musical, incentivado pelo pai, “Seu Manoel”, que também era músico. A iniciação musical de Nonato ocorreu no projeto Nossos Ídolos. “Em nossa família, todo mundo tocava um instrumento. Respirávamos música, jantávamos e almoçávamos música”, relembra.
Primeiro, aprende a tocar violino. Com apenas 10 anos, se apresentou ao público pela primeira vez. Aos 13 anos, aprende banjo. Dois anos depois, bandolim, violão tenor e viola. Já aos 18, abraçou o instrumento que viria a ser sua grande paixão: o violão. O jovem decidiu adotar esse instrumento para prosseguir em sua trajetória profissional. O músico também chegou a dominar o cavaquinho e a guitarra. Segundo ele, “um instrumento puxa o outro”. Tornou-se grande instrumentista popular graças à própria vontade, dedicação, esforço e aos exercícios de imitação dos ídolos Dilermando Reis e Sebastião Tapajós, cujas músicas sempre tirou de ouvido.
Aos 19 anos, compõe sua primeira música, “Tauaparanassu”. Ainda jovem, encarou o desafio de se mudar para Belém do Pará, onde conheceu um mundo repleto de artistas talentosos. Lá, Nonato passou a integrar o conjunto Soberanos do Ritmo, sob a influência dos musicais da década de 1940.
Já em sua chegada em Macapá, em março de 1952, o músico trazia na sua bagagem um arcabouço profundo de conhecimentos musicais. Nonato desembarcou na cidade sob forte chuva, na canoa Lealdade 2, e no mesmo dia, o violonista foi desafiado a “fazer” três números, no antigo Cine Territorial. Seus belos dedilhados chamaram a atenção do público macapaense.
Um de seus maiores desafios, Nonato foi o primeiro professor de violão no Conservatório Macapaense de Música, atual Centro de Educação Profissional de Música Walkíria Lima.
A música instrumental é um brinde ao grandioso músico, que fez da ribalta a sua vida. Com seus dedilhados mágicos, Nonato Leal nos transporta ao deserto do Saara, à Espanha e a outros lugares não menos mágicos, com o qual o violonista nos faz “sonhar e viajar” com suas trilhas musicais.
Nonato gravou dois compact discs: o primeiro, “Lamento Beduíno”, e o segundo, “Coração Popular”. Os CDs são compostos por excelentes trilhas sonoras e belíssimos acordes de violão.
O Projeto Sesc Partitura catalogou, em sua biblioteca digital, quatorze composições do professor Nonato, de valor histórico imprescindível, assim como obras de outros grandes músicos brasileiros. As partituras das composições podem ser baixadas e as músicas ouvidas, tudo de forma gratuita.
Em 2019, a Prefeitura Municipal de Macapá lançou a coletânea “Mestres da Música” e nesta obra foram publicadas 11 partituras do professor Nonato Leal. Em dezembro de 2024 estará previsto o lançamento de sua biografia.
Através dos acordes bem rebuscados de Nonato Leal, a música instrumental amapaense e brasileira ganhou projeção e notoriedade, sendo elevada a patamares superiores. Autor de 22 composições, o “mestre das cordas” emprestou seu nome para a única orquestra de violões do Amapá. Seu irrefutável legado, de inestimável valor, vem cativar todos aqueles que desejam manter e preservar o universo da cultura musical brasileira contemporânea.
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